Atacante e capitão do Atlético, Hulk condenou nesta segunda-feira (22) os insultos racistas proferidos nesse domingo (21) a Vinícius Júnior, ponta-esquerda do Real Madrid, em jogo pelo Campeonato Espanhol. Ao abordar o caso, o atleticano também relembrou quando foi vítima de racismo na Europa e pediu punição.
Hulk atuou na Europa entre 2008 e 2016, em Portugal até 2012 - no Porto - e posteriormente na Rússia - no Zenit. Em pronunciamento divulgado pelo Atlético, o jogador disse que sofreu com a discriminação nos dois países.
“É um assunto até que a gente fica receoso para falar, que não deveria existir. Eu particularmente já passei por isso, já sofri o racismo quando jogava na Rússia, não lembro, acho que em Portugal também, quando fui com 15 anos de idade. A gente sabe o quanto que é difícil”, iniciou.
“Independente do esporte, da profissão, acho que nós seres humanos temos que respeitar, respeitar o próximo. Acho que o racismo é algo que não deveria existir, acho que é muito triste para a gente, a gente transmite toda força aqui para o Vini”, afirmou, antes de apontar a punição como uma forma para “educar”.
“Vi muita gente postando, muita gente motivando o Vini, dizendo que está com ele, mas acho que numa situação dessa tem que ter uma punição, tem que ser com punição. Vi alguns vídeos e vi que tinha bastante torcedores no estádio, fora do estádio. Eu acho que a única forma de você tentar educar é punir. Como você vai punir? Mando de campo, acho que tem que ser dessa forma, infelizmente”, completou.
Recado a Vini Jr.
Hulk também mandou um recado para o atacante brasileiro do Real Madrid e revelou que já havia conversado com o jogador nesse domingo. “Já falei com ele por mensagem, mas é levantar a cabeça, ele é muito mais forte do que isso, muito maior que isso”, iniciou.
“Infelizmente, é assim, quando a gente está bem, a gente acaba incomodando muito, e o Vini vem incomodando pelo que vem jogando. Que ele continue jogando o que está jogando, a gente está aqui como brasileiro, como atleta também de futebol, estou aqui para dar total apoio para ele, desejar todo apoio para ele”, completou Hulk.
Racismo contra Vini Jr.
Foi possível ouvir os gritos de “Mono” (macaco, em espanhol) por parte da torcida do Valencia. O árbitro conversou com oficiais da organização da partida e o jogo foi interrompido.
O sistema de som do estádio anunciou a paralisação do duelo devido ao comportamento dos fãs do Valencia e pediu que a torcida desse fim às “manifestações racistas”. Houve um novo aviso até que, depois de cerca de oito minutos, a partida foi retomada, com Vini Jr em campo.
A partir das repetidas demonstrações racistas, o jogo ficou nervoso. Vini Jr. foi provocado pelo goleiro geórgio Giorgi Mamardashvili, que foi punido com o cartão amarelo. Os jogadores trocaram empurrões no campo.
No fim do confronto, porém, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso nos acréscimos.
O problema envolvendo a torcida espanhola não é novidade.
Vinícius responde
“Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, completou.
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