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Ações de Kalil contra Arena MRV ultrapassam o razoável e escancaram uso da PBH

Contrapartidas do estádio atleticano chegam a quase 50% do valor da obra

Alexandre Kalil é ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético

Ouvindo o depoimento de Bruno Muzzi, CEO do Atlético e da Arena MRV, na CPI do Abuso de Poder, que investiga se as contrapartidas exigidas pela Prefeitura de Belo Horizonte, sob o comando de Alexandre Kalil, tiveram como objetivo prejudicar o andamento da obra do estádio alvinegro, me recordo de uma situação que vivi em 2020.

Na comemoração dos 300 anos de Minas Gerais, meu desafio era escrever uma matéria sobre a participação do futebol na economia do Estado. E a tarefa ficou fácil quando tive acesso a um estudo que mostrava que a cada R$ 1 gasto dentro do Mineirão, R$ 5,57 eram injetados na economia mineira, em especial da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O estudo foi feito durante todo ano de 2019 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) e pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ambos são ligados à Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG.

Sim, o Turismo do Futebol é uma realidade e no caso das arenas ele é mais forte ainda nos shows, que também fazem parte dos complexos. Esse é só um dos pontos a ser destacado na construção da Arena MRV, e os números evidenciam que as contrapartidas exigidas pela PBH são totalmente fora de propósito e só podem ter realmente o objetivo de impedir ou atrapalhar o empreendimento.

Um estádio que vai custar R$ 750 milhões tem R$ 335 milhões de contrapartidas. Quase 50% do valor. Isso sem contar o longo tempo para que fosse liberado o licenciamento da obra, o que atrasou demais o processo.

Quando o assunto foi tratado com Márcio Lacerda, que que deixou a PBH em 1º de janeiro de 2017, as contrapartidas foram orçadas na época em R$ 40 milhões.

Somando isso ao fato de há algumas semanas Alexandre Kalil ter revelado seu temor de rebaixamento do Atlético no Brasileirão, onde o time integra o G-4, na quarta colocação, e ocupa a lista de favoritos, reafirmo que fica mais do que a impressão de que o ex-presidente atleticano não conseguiu separar a sua atuação política no clube com a sua função de prefeito de Belo Horizonte.

O que me dá a certeza da ação de Kalil para atrapalhar a construção do estádio é a afirmação de Bruno Muzzi de que ele é favorável às contrapartidas, mas que numa obra do porte da Arena MRV ela ficaria entre 10 e 15% do valor total. As imposições da Prefeitura de Belo Horizonte chegam a quase 50%.

Segundo Muzzi, tem várias obras exigidas que seriam de responsabilidade do poder público, mas estão repassadas ao estádio.

Quando faz isso, Kalil e a PBH não prejudicam só o Atlético. Eles prejudicam a cidade, que teve, durante a pandemia, 13 mil empregos gerados pela obra da Arena MRV.

E que com o estádio pronto, terá mais um equipamento que gera o Turismo do Futebol e dos shows, com dinheiro injetado na economia da cidade e da Região Metropolitana de Belo Horizonte como evidencia o estudo feito sobre o Mineirão em 2019.

A perseguição de Kalil ao Atlético por questões políticas se transformou num instrumento de punição a Belo Horizonte, e isso é muito grave quando se trata de um agente público.

Até por exemplos próximos que temos. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes já declarou que a sua gestão fará de tudo para que o estádio do Flamengo saia na Zona Norte da capital fluminense.

Em São Paulo, a identidade visual do Allianz Parque ia de encontro às regras do código da cidade. A Câmara de Vereadores em 48 horas mudou a lei para que a arena palmeirense tivesse seu naming rights exposto.

Na capital mineira, Alexandre Kalil não “conseguiu” ter a mesma visão. E o andar da CPI mostra a cada dia que foi certeira a escolha do nome Abuso de Poder.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro