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Na comemoração dos 300 anos de Minas Gerais, meu desafio era escrever uma matéria sobre a participação do futebol na economia do Estado. E a tarefa ficou fácil quando tive acesso a um estudo que mostrava que a cada R$ 1 gasto dentro do Mineirão, R$ 5,57 eram injetados na economia mineira, em especial da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O estudo foi feito durante todo ano de 2019 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) e pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ambos são ligados à Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG.
Sim, o Turismo do Futebol é uma realidade e no caso das arenas ele é mais forte ainda nos shows, que também fazem parte dos complexos. Esse é só um dos pontos a ser destacado na construção da Arena MRV, e os números evidenciam que as contrapartidas exigidas pela PBH são totalmente fora de propósito e só podem ter realmente o objetivo de impedir ou atrapalhar o empreendimento.
Um estádio que vai custar R$ 750 milhões tem R$ 335 milhões de contrapartidas. Quase 50% do valor. Isso sem contar o longo tempo para que fosse liberado o licenciamento da obra, o que atrasou demais o processo.
Quando o assunto foi tratado com Márcio Lacerda, que que deixou a PBH em 1º de janeiro de 2017, as contrapartidas foram orçadas na época em R$ 40 milhões.
Somando isso ao fato de há algumas semanas Alexandre Kalil ter revelado seu temor de rebaixamento do Atlético no Brasileirão, onde o time integra o G-4, na quarta colocação, e ocupa a lista de favoritos, reafirmo que fica mais do que a impressão de que o ex-presidente atleticano não conseguiu separar a sua atuação política no clube com a sua função de prefeito de Belo Horizonte.
O que me dá a certeza da ação de Kalil para atrapalhar a construção do estádio é a afirmação de Bruno Muzzi de que ele é favorável às contrapartidas, mas que numa obra do porte da Arena MRV ela ficaria entre 10 e 15% do valor total. As imposições da Prefeitura de Belo Horizonte chegam a quase 50%.
Segundo Muzzi, tem várias obras exigidas que seriam de responsabilidade do poder público, mas estão repassadas ao estádio.
Quando faz isso, Kalil e a PBH não prejudicam só o Atlético. Eles prejudicam a cidade, que teve, durante a pandemia, 13 mil empregos gerados pela obra da Arena MRV.
E que com o estádio pronto, terá mais um equipamento que gera o Turismo do Futebol e dos shows, com dinheiro injetado na economia da cidade e da Região Metropolitana de Belo Horizonte como evidencia o estudo feito sobre o Mineirão em 2019.
A perseguição de Kalil ao Atlético por questões políticas se transformou num instrumento de punição a Belo Horizonte, e isso é muito grave quando se trata de um agente público.
Até por exemplos próximos que temos. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes já declarou que a sua gestão fará de tudo para que o estádio do Flamengo saia na Zona Norte da capital fluminense.
Em São Paulo, a identidade visual do Allianz Parque ia de encontro às regras do código da cidade. A Câmara de Vereadores em 48 horas mudou a lei para que a arena palmeirense tivesse seu naming rights exposto.
Na capital mineira, Alexandre Kalil não “conseguiu” ter a mesma visão. E o andar da CPI mostra a cada dia que foi certeira a escolha do nome Abuso de Poder.