O avanço, publicado na revista Nature Medicine, e destacado pelo site Infobae, é fruto do Projeto Fenótipo Humano, iniciado em 2018. O estudo já reuniu informações médicas completas de mais de 30 mil participantes, com meta de alcançar 100 mil pessoas. “Quando lançamos o projeto em Israel em 2018, nosso objetivo inicial era 10 mil participantes”, afirma o professor Eran Segal, líder da pesquisa.
Segundo ele, a base de dados já é a mais abrangente do mundo no campo da saúde, e está sendo expandida internacionalmente, com unidades no Japão e nos Emirados Árabes Unidos.
O projeto acompanha voluntários por 25 anos, realizando exames a cada dois anos que incluem avaliações corporais, genéticas, nutricionais, exames de sono, voz e análises do microbioma intestinal, oral e vaginal.
A equipe desenvolveu um modelo de IA que analisa o envelhecimento biológico através de 17 sistemas do corpo. “O modelo atribui pontuações a cada sistema corporal e compara esses valores aos esperados para idade, sexo e índice de massa corporal”, explica o professor.
Com isso, é possível calcular a idade biológica, que revela a verdadeira condição do organismo, além de detectar sinais precoces de doenças, como pré-diabetes, mesmo em pessoas consideradas saudáveis em exames tradicionais.
Entre os achados mais relevantes, destaca-se a identificação do impacto da menopausa na aceleração do envelhecimento biológico das mulheres. “Descobrimos que a diminuição da densidade óssea está mais relacionada ao tempo desde o início da menopausa do que à idade cronológica”, esclarece Segal.
O modelo também revelou alterações no microbioma ligadas a doenças como câncer de mama, endometriose e doenças intestinais, indicando potencial para diagnósticos precoces. Segundo o líder da pesquisa, “os dados que coletamos terão um impacto profundo no campo da medicina”.
A tecnologia do gêmeo digital já consegue prever, com base nos níveis de glicose, o risco de uma pessoa desenvolver diabetes nos dois anos seguintes e está sendo testada para personalizar dietas e medicamentos de forma mais eficaz.
“Estamos desenvolvendo uma aplicação que permitirá aos participantes acompanhar sua trajetória de saúde personalizada”, afirma Segal.
Para ele, o futuro da medicina está em transformações impulsionadas pela inteligência artificial. “Vivemos uma era de mudanças extremamente rápidas. Nosso projeto será uma fonte global de informação e inovação graças à dedicação dos participantes”, conclui o professor.