Relógio de ouro perdido em naufrágio há 165 anos retorna à cidade natal de seu dono

Peça pessoal do fundador de jornal britânico é devolvida à Inglaterra após mais de um século submersa nos EUA

Imagem ilustrativa

Um relógio de bolso dourado, perdido há 165 anos no naufrágio do navio Lady Elgin no Lago Michigan, foi finalmente devolvido à cidade natal de seu dono, o jornalista e político britânico Herbert Ingram.

O fundador do London Illustrated News - considerado o precursor do fotojornalismo -, morreu junto com seu filho em 8 de setembro de 1860, quando o navio a vapor afundou após colidir com uma escuna durante uma tempestade perto de Winnetka, Illinois. Mais de 300 pessoas perderam a vida na tragédia, uma das maiores da história dos Grandes Lagos.

Embora o corpo de Ingram tenha sido repatriado e sepultado em Boston, Lincolnshire (Reino Unido), seu relógio permaneceu perdido até 1992, quando mergulhadores o encontraram entre os destroços submersos. A relíquia, no entanto, só retornou ao Reino Unido em maio de 2024.

“Em 1992, quando minha equipe documentava os restos do Lady Elgin espalhados por mais de um quilômetro do fundo do lago, outros mergulhadores estavam visitando o local”, contou Valerie Van Heest, cofundadora da Michigan Shipwreck Research Association e autora do livro Lost on the Lady Elgin, à emissora Fox 17. “O local havia sido revelado, e um trio de mergulhadores encontrou um relógio de bolso de ouro - uma descoberta extraordinária”.

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Pioneiro

Van Heest destacou a importância histórica de Ingram: “Ele era membro do Parlamento e o fundador do London Illustrated News, o primeiro jornal a imprimir imagens. Ele foi realmente o pioneiro do jornalismo ilustrado”.

A especialista afirmou à BBC News que, ao examinar o relógio, percebeu que ele “não pertence à América. Ele pertence a Boston, Inglaterra, de onde Herbert Ingram veio, onde ainda há uma estátua em sua homenagem”.

Graças às águas frias e com pouco oxigênio do lago, o objeto foi preservado em boas condições por décadas. Van Heest comprou a peça e doou ao Boston Guildhall Museum, que estava preparando uma exposição sobre Ingram. “Eles não tinham nenhum artefato físico, e eu estava oferecendo não apenas um, mas o relógio pessoal de Herbert Ingram. Foi uma coincidência extraordinária”.

O retorno do objeto foi celebrado no museu em 24 de maio. “Hoje, Boston se uniu para homenagear a vida e o legado de Herbert Ingram - jornalista, reformista e uma das figuras mais influentes de nossa cidade - com o retorno oficial de seu relógio de ouro perdido no naufrágio do Lady Elgin”, publicou o museu nas redes sociais. “A história de Boston está viva e pulsando”.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação Duo, FBK, Gira e Viver.

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