Belo Horizonte tem 106 mortes por dengue, 39 em investigação e mais de 228 mil casos prováveis da doença, neste ano. Em Minas Gerais, são 977 mortes e mais de 1 milhão e 700 mil casos prováveis da doença. Mas além da alta do número de casos, a baixa cobertura vacinal preocupa autoridades de saúde.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, a dengue é uma doença que tem potencial de complicação e toda a população é vulnerável, independente de faixa etária e, com riscos consideráveis de internação e óbito. “Ficar sem vacinar significa não oferecer para essas pessoas a vantagem de poderem estar protegidas contra uma doença grave, uma doença com um potencial risco fatal e que leva a uma chance maior da pessoa se infectar e que a gente sabe que é uma doença que não vai ser controlada com as medidas de controle que a gente vem aplicando nos últimos anos rapidamente”, detalha.
Na capital mineira a vacina contra a dengue está liberada para o público de 10 a 14 anos. Quem ainda não iniciou o esquema vacinal ou está com a segunda dose atrasada, deve procurar um dos 152 centros de saúde da cidade e, o intervalo entre as doses deve ser de noventa dias. É importante destacar que a segunda dose não pode ser aplicada em um período inferior a trinta dias desde a apresentação de sintomas da arbovirose.
“Não há nenhuma justificativa para ficar reticente ou resistente à vacinação. A população definida pelo Ministério da Saúde para início da vacinação aqui do Brasil, que é a população de 10 a 14 anos, é a população mais estudada em relação à vacina. Foi a população que participou dos estudos, tanto de eficácia quanto de segurança, e esses estudos demonstraram, além de uma excelente eficácia, uma segurança muito grande da vacina em relação aos riscos de complicação, e principalmente em relação aos riscos da própria doença. Então, tanto a curto quanto a médio e a longo prazo, a não vacinação significa expor essas crianças e adolescentes, a uma doença que tem um risco de complicação elevado”, alerta o médico.
Em Belo Horizonte, até o momento, já foram aplicadas cerca de 74 mil doses da vacina, considerando a primeira e a segunda aplicação. A cobertura vacinal está em apenas 31% para a primeira dose e em 11% para o esquema completo. Lembrando que a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de vacinar 90% do público-alvo.
“No caso da dengue, o maior risco é a infecção aguda em que as pessoas podem evoluir com complicações importantes e, inclusive, com risco de internação e óbito. Então, o maior risco da doença está nos primeiros dias, nas primeiras semanas de doença, onde o risco de complicação é alto, principalmente relacionado à desidratação que a doença causa, levando a quadros graves e até também, eventualmente, de sangramento”, conclui Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.