“Sabemos muito pouco sobre o processo de morrer”. Isso foi o que disse a neurocientista Jimo Borjigin à BBC News Mundo, para definir o porquê começou as pesquisas sobre o funcionamento do cérebro durante a morte.
Há mais de 10 anos, ela tenta entender o funcionamento do órgão nos momentos finais de vida, e teve a ideia por puro acidente. Ela estava fazendo experimentos com ratos em laboratório, observando as secreções neuroquímicas deles após uma cirurgia.
Os dois ratos acabaram morrendo após o procedimento, e ela analisou o
Serotonina é um neurotransmissor associado ao bem-estar, sendo considerada um dos “hormônios da felicidade”. Ela também está ligada a alucinações, por isso, a neurocientista se perguntou se os ratos tiveram essas sensações.
Ali, nasceu o interesse por pesquisar sobre a morte, e ela percebeu que existiam poucos estudos sobre o assunto. Desde então, a professora da Universidade de Michigan passou a pesquisar sobre o que acontece no
Partes do cérebro são ativadas durante a morte
A mais recente das pesquisas dela foi publicada em 2023. Ela analisou quatro pacientes que estavam em coma e recebiam suporte vital. Eles sofriam de diferentes doenças.
Após a retirada dos ventiladores mecânicos, dois dos pacientes registraram alta atividade cerebral vinculada a funções cognitivas. Foram identificadas ondas gama, as mais rápidas cerebrais, envolvidas no processamento de informações e na memória.
Ao desligar o aparelho, ocorreu uma hipoxia generalizada, que é a falta de oxigênio no sangue. Geralmente, ela está associada a uma
Ao contrário dos
Uma parte do cérebro associada à
Ver luzes e ouvir vozes são algumas das experiências que pessoas que tiveram próximas à morte tiveram. Isso indica um
“Como é possível que uma pessoa possa ter experiências mentais extremamente emocionais, impressionantes, como ver uma luz, ouvir vozes, sentir-se fora do corpo, flutuando no ar? Tudo isso faz parte da função cerebral”, disse.
Ponta do iceberg
Apesar das diversas descobertas, Borjigin acredita que tudo isso é apenas a
“Superficialmente, sabemos que há pessoas que sofrem parada cardíaca e têm essa experiência subjetiva incrível, e nossos dados mostram que essa experiência é devida ao aumento da atividade cerebral. Mas a pergunta é: por que o cérebro moribundo tem uma atividade tão intensa? Precisamos investigar, descobrir, entender isso porque poderíamos estar fazendo diagnósticos prematuros de morte em milhões de pessoas, já que não compreendemos o mecanismo da morte”, concluiu.