O presidente do
Sindicato dos Permissionários do Transporte Suplementar de Belo Horizonte (Sindpautras), Júlio César Guimarães, afirmou que está “inviável” para a categoria circular na capital mineira. Dentre os motivos, ele cita o valor pago pela prefeitura por quilômetro rodado, que considera baixo. “Com o valor baixo do quilômetro rodado sendo pago, a cada semana um permissionário entrega sua permissão [para circular]”, disse à Itatiaia.
De acordo com ele, o valor pago atualmente pelo Executivo é de R$ 7,83 por quilômetro rodado, enquanto a categoria reivindica que o valor justo seria de R$ 10,78 — 35% acima do que é atualmente pago pela PBH.
O Sindpautras foi o único sindicato presente na audiência pública realizada nesta terça-feira (24), na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). A
Comissão Especial de Estudo dos Contratos de Ônibus também convidou representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de BH (STTRBH) e da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo (AUTC), mas estes, no entanto, não compareceram.
Na avaliação da presidente da comissão, vereadora
Fernanda Altoé (Novo), as portas da Casa não “estão fechadas”, mas ela acredita que as demais categorias perderam o “timing” ao não participarem da audiência. “A greve é motivada por descontentamento. Ninguém faz greve se está satisfeito com os serviços que estão sendo prestados, então acho que a Câmara poderia ecoar melhor o pleito desse grupo e entender melhor quais são as reivindicações. Mas entendemos também que são várias pessoas envolvidas”, declarou à reportagem.
Nesta terça-feira, um
grupo de motoristas ligados à empresa Coordenadas realizou uma paralisação total dos trabalhos, e nenhum ônibus saiu da garagem localizada no bairro Ana Lúcia. Ao todo,
24 linhas foram afetadas.
24 linhas suplementares circulam na capital
Segundo Júlio César Guimarães, atualmente apenas 24 linhas do transporte suplementar operam em Belo Horizonte, com 229 veículos em circulação — número abaixo do ideal de 300 ônibus, segundo a categoria.
Ele conta que, há cerca de dois meses, apresentou um ofício ao prefeito
Álvaro Damião (União Brasil) com as principais reivindicações do sindicato, mas não obteve resposta. “Não estamos atacando o prefeito, estamos apenas reivindicando melhorias no transporte suplementar — que fique bem claro isso. Acreditamos que o Damião fará uma grande administração na cidade, mas pedimos que ele olhe com mais carinho para a categoria”, declarou.
A Itatiaia procurou a Prefeitura de Belo Horizonte, que, em nota, informou que reuniu esforços visando a promulgação e a implementação da Lei 11.458/23, que prevê a Remuneração Complementar para o sistema de transporte por ônibus da capital, incluindo o sistema Suplementar.
“Uma das principais diretrizes da concessão e do cálculo dos valores da Remuneração Complementar é a comprovação dos valores desembolsados pelos operadores. A apresentação das comprovações é regida por Portarias da Sumob e os documentos apresentados baseiam os cálculos e os repasses financeiros”, diz trecho da nota enviada para a reportagem.
A PBH finaliza afirmando que outros pontos, mencionados pelo Sindpautras, estão em trativas internas.