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Movimento pela duplicação da BR-381 cobra mobilização da bancada mineira

Lideranças empresariais e políticas da região do Médio Paraopeba querem que deputados e senadores incluam recursos para a duplicação da ‘Rodovia da Morte’ no orçamento de 2026

BR-381: obra de duplicação vai exigir processo de desapropriação de centenas de famílias

Em meio às negociações sobre os gastos federais de 2026, o movimento Pró-Vidas BR-381 quer intensificar, a partir desta semana, as conversas com deputados federais da bancada mineira para garantir recursos da duplicação no orçamento do próximo ano.

O projeto orçamentário elaborado pelo governo federal, que já foi entregue ao Congresso Nacional no meio do ano, prevê R$ 96 milhões para a obra na Rodovia da Morte, valor que é considerado insuficiente para o reassentamento de famílias e início da duplicação.

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O montante é destinado para o trecho de 31 quilômetros, do Anel Rodoviário de BH até o trevo de Caeté, que é considerado o mais complexo da duplicação. A obra é de responsabilidade do governo federal, sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

“Vamos procurar os deputados neste mês de novembro pedindo apoio a esse movimento. A duplicação da BR-381 é a obra estruturante mais importante do estado. Já vimos muitas vezes essa obra não acontecer por falta de recursos no orçamento ou até começar e ser paralisada porque o dinheiro acabou”, afirma Clésio Gonçalves, coordenador do movimento Pró-vidas 381.

O restante da BR-381, de Caeté até Governador Valadares, foi entregue para a gestão privada em 2024 e está sendo administrado atualmente pela concessionária Nova 381. Neste trecho, as obras de duplicação devem acontecer até o sétimo ano da concessão, ou seja, até 2031.

Demanda de R$ 650 milhões

O movimento - que recebe apoio de prefeituras e câmara municipais da região do Médio Paraopeba e de entidades como o Conselho Regional de Engenharia e o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas - avalia que será necessário garantir R$ 650 milhões para garantir a conclusão da obra.

“O valor total estimado da obra é de R$ 1,1 bilhão, com mais R$ 300 milhões para as desapropriações. Como, em reunião com o DNIT ficou claro que a previsão é de apenas R$ 96 milhões, temos que pressionar para conseguir o restante”, diz Clésio.

O coordenador do movimento Pró-Vidas BR-381 comemorou o avanço nas negociações entre prefeitura de BH e Tribunal de Contas da União (TCU) para o reassentamento das famílias. Na próxima sexta-feira (7), o acordo para a realocação das famílias que moram às margens da BR será homologado.

Emenda de bancada

Uma das sugestões do movimento para os deputados e senadores mineiros é usar as chamadas “emendas de bancada” para garantir recursos para a BR-381 no próximo orçamento.

“Nossos 53 deputados e 3 senadores podem incluir a obra por meio das emendas de bancada, que neste ano chegaram a quase R$ 600 milhões. Esse tipo de emenda só pode ser usado para a área da saúde ou obras estruturantes. E a duplicação da 381 é considerada uma obra estruturante”, afirma Clésio.

Início da obra ainda sem data prevista

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o DNIT para saber sobre os próximos passos da obra de duplicação da BR-381 no trecho mais próximo da capital mineira.

O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), afirmou que as obras começaram ainda em 2025, mas até o momento o governo federal não confirmou a data de início ou o local onde a duplicação vai começar.

“Inicialmente cabe informar que o contrato de Duplicação da BR-381/MG - Lote 8A - Entr. MG-435 (Caeté) ao Entr. BR-262, assim como o Lote 8B do Entr. MG-435 (Caeté) ao Entr. MG-020, foram firmados no modelo de Contratação Integrada, ou seja, a empresa executora elaborará os projetos e executará as obras de Duplicação e Restauração”, diz o DNIT.

“O contrato do lote 8A iniciou em 16/04/2024 e o contrato do lote 8B em 16/06/2025. Atualmente as empresas estão elaborando os projetos, e que após concluídos, deverão ser submetidos ao DNIT. Somente após sua aprovação é que será possível estipular um cronograma definitivo, com etapas e prazos de execução dos serviços”, informou o órgão federal.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.