A primeira reunião de plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) deste mês, realizada nesta segunda-feira (5), durou exatamente uma hora, mas nenhum projeto foi votado ou discutido, e 34 minutos — ou seja, mais da metade da reunião — foram utilizados pelos vereadores para abordarem assuntos nacionais.
Na reunião, havia na pauta apenas um projeto de lei (1016/2024), de autoria do vereador Irlan Melo (Republicanos), que tratava da desafetação de um terreno situado no bairro Betânia, região Oeste de BH, onde foi construído o Centro de Saúde Betânia. O texto não chegou a ser votado, após o autor da proposta retirar o PL da ordem do dia para discutir uma criação de emenda com outros parlamentares.
Entre três pedidos de minuto de silêncio solicitados por diferentes vereadores para homenagear conhecidos que faleceram nos últimos dias, o restante do tempo foi dedicado para que vereadores discursassem sobre temas como a atuação do
Quem abriu a sequência de discursos relacionados a temas nacionais foi o vereador Bráulio Lara (Novo), que foi ao microfone e, por 2 minutos, disse que as investigações da Polícia Federal (PF) sobre a
“Para quem achou que R$ 6 bilhões era pouco nesta fraude do INSS, agora o escândalo é muito maior. A Polícia Federal está avançando nas investigações e já descobriu um rombo de R$ 90 bilhões, aproximadamente, em empréstimos consignados que as pessoas disseram não ter solicitado.”
Em seguida, o vereador Ville (PL) leu, por pouco mais de 3 minutos, um discurso com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes. O texto é encontrado em várias páginas de direita, com um pedido de compartilhamento no final.
“Jair Bolsonaro já selou o seu destino, é de Alexandre de Moraes. O algoz virou prisioneiro. Sua cela é o STF. Sua casa, uma jaula de luxo. Ele jamais andará livre novamente, pois sua sentença é eterna. Moraes se trancou no próprio império. Ele pode ter poder, mas não tem paz”, diz trecho do texto lido por Vile.
Esquerda enaltece parceria com a PBH
Já em resposta ao levante dos parlamentares de direita, o vereador Bruno Pedralva (PT), também por cerca de 3 minutos, foi ao microfone ressaltar a parceria do governo Lula com a Prefeitura de Belo Horizonte, e a possível vinda do presidente nos próximos dias à capital para anunciar a
“Lula virá a BH nos próximos dias para, junto com nosso prefeito, assinar de vez a municipalização do Anel Rodoviário, que é uma demanda também da turma do Barreiro para melhorarmos o trânsito naquela região. Fruto desta parceria, desta proximidade entre nossa prefeitura e o governo federal, que é algo que interessa a todos nós”.
O parlamentar também celebrou a determinação da Justiça que, na última quinta-feira (1º), mandou reativar o bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins.
Mega fraude no INSS em destaque
Em seguida, o vereador Pablo Almeida (PL), por cerca de 8 minutos, também tratou da investigação da Polícia Federal sobre fraudes no INSS. E, utilizando manchetes de diversos jornais, disse que
“Nós estamos diante daquilo que pode ser o maior escândalo de corrupção da história do nosso país. E tudo isso se inicia com a fraude do INSS, no valor de R$ 6,3 bilhões, que foi deflagrada após operação da Polícia Federal do nosso país. E aqui quero deixar bem claro que a fraude do INSS prejudicou indígenas, pessoas com deficiência, mulheres que não têm o apoio do marido. Norte e nordeste são os mais afetados por esta fraude, inclusive.”
Em seguida, foi a vez do vereador Irlan Melo, que utilizou o espaço por 3 minutos para criticar o fato de parlamentares do PT não terem ido ao microfone defender o governo federal. Em seguida, também citou a fraude do INSS.
“Imaginei, Dr. Bruno (Pedralva), que o senhor ia falar sobre a violência que foi feita conta o presidente Bolsonaro na UTI de um hospital. Eu nunca imaginei que nós pudéssemos ter isso em uma nação civilizada. Mas, infelizmente, nós estamos no terceiro mundo, e não vamos evoluir tão cedo. É interessante que, no passado, as pessoas faziam o L, agora vão fazer o 6. Seis bilhões de prejuízo, de roubo institucionalizado no INSS.”
No final da sessão,Irlan Melo voltou ao palanque, e por 15 minutos, criticou o PT e o governo Lula.
“É para manter o povo na pobreza que este governo existe. Sabe por quê? Porque o PT é a fábrica da pobreza, infelizmente. É a fábrica dos pobres, é para manter os pobres no lugar que eles estão para continuar tendo votos. E aí tem que pegar o dinheiro de alguém, é isso que o Lula quer. É pegar o dinheiro de uma pessoa para colocar nas mãos daqueles que ele acha que vão dar voto, e aí a gente vai produzindo pobres em escala industrial, infelizmente é isso que a gente está vendo. São 20,6 milhões de brasileiros que recebem bolsa, graças a Deus que estão recebendo, mas tem 7 milhões, um terço, que estão no programa a mais de 10 anos. Então, o programa é um fracasso total.”
Após este último discurso, a reunião foi encerrada após nenhum vereador pedir um espaço de fala. Em poucos momentos, as declarações sobre temas nacionais foram interrompidas por vereadores que foram ao microfone abordar assuntos relacionados a Belo Horizonte ou outros temas, como os vereadores Cláudio Mundo Novo (PL), Wanderley Porto (PRD) e Luiza Dulci (PT), que foram ao microfone pedir um minuto de silêncio em homenagem a pessoas falecidas nos últimos dias. Além deles, os vereadores José Ferreira (Podemos), Rudson Paixão (Solidariedade) e Sargento Jalysson (PL) também foram ao microfone para falar sobre temas relacionados à capital.
Rudson Paixão chegou ir ao microfone para tratar de problemas de saneamento básico na região de Venda Nova, e ainda disse que há políticos lutando por temas que não agregam. “Eu fico me perguntando com certa frequência para que serve a política. Uma política que hoje está muito polarizada, a gente vê que há pessoas lutando por coisas que não agregam em nada em Belo Horizonte. Mas tudo bem, faz parte da democracia”, ponderou.