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O silêncio de Kalil: Ex-prefeito ignora morte de Fuad Noman, seu secretário e vice

Postura de Kalil foi isolada. Lula, Zema, Pacheco, Silveira e todos adversários de Fuad na eleição municipal se manifestaram

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (Sem Partido), ignorou a morte do prefeito Fuad Noman (PSD), que foi seu secretário de Fazenda no 1º mandato e seu vice no 2º mandato. O ex-chefe do executivo não divulgou nenhuma nota de pesar em suas contas oficiais na internet e não compareceu ao velório de Fuad, na sede da prefeitura da capital mineira.

Procurada, a assessoria de Kalil não respondeu às mensagens e nem atendeu às ligações da Itatiaia. Em um posicionamento enviado a alguns veículos de imprensa, a equipe disse que Kalil não se manifestaria por meio de nota e nem compareceria ao velório de Fuad.

O silêncio de Kalil foi solitário. Os principais nomes da política mineira e nacional se manifestaram sobre a morte de Fuad. Mesmo em um fuso-horário com 12 horas de diferença, o presidente Lula (PT), que está cumprindo agenda no continente Asiático, chamou Fuad de “querido prefeito” e disse que recebeu “com muita tristeza a notícia sobre o falecimento de Fuad”. O presidente, inclusive, enviou uma coroa de flores para o velório.

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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que fez oposição a Fuad nos dois turnos das eleições municipais, disse que também ficou triste com a morte do prefeito e ressaltou que " a sua vida pública foi marcada pelo diálogo e respeito, sempre a serviço de uma cidade e de um estado mais fortes”. Zema não enviou representantes e foi presencialmente ao velório de Fuad na prefeitura, onde chegou a se emocionar com a despedida do prefeito.

Todos os candidatos à prefeitura da capital mineira nas eleições municipais de 2024 se manifestaram sobre a morte de Fuad. deputada federal Duda Salabert (PDT), o deputado estadual Bruno Engler (PL), o deputado federal Rogério Correia (PT), o senador Carlos Viana (Podemos) e o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) e o ex-vereador Gabriel Azevedo (MDB). Tramonte e Correia foram ao velório e prestaram solidariedade pessoalmente aos filhos e demais familiares de Fuad.

Protagonista de duros embates com Fuad no pleito municipal, o deputado estadual Bruno Engler (PL), se manifestou cerca de trinta minutos após a confirmação da morte do chefe do executivo. Na conta oficial, Engler lamentou “profundamente” a morte de Fuad, prestou solidariedade e desejou que Deus confortasse o coração dos familiares do político. Em entrevista à Itatiaia, Engler disse que, mesmo em momentos de tensão durantes debates eleitorais, Fuad sempre foi um homem gentil e respeitoso com os adversários.

O presidente da Câmara Municipal, vereador Juliano Lopes (Podemos), adversário político do grupo de Fuad na disputa pela presidência do legislativo municipal, foi ao velório e classificou Fuad como “humano e solidário”.

O ex-presidente do legislativo municipal, Gabriel Azevedo (MDB), que também protagonizou embates duros com Fuad, disse que ele e o prefeito tinham “visões diferentes para muitas questões de Belo Horizonte”. No entanto, Azevedo disse que conversou com Fuad, por intermédio do agora prefeito Álvaro Damião, e se desculparam pelas “falhas” após um “diálogo sereno”. O ex-presidente da Câmara, por meio de uma nota, desejou “pêsames ao círculo de pessoas que tinham Fuad Noman como um amigo, além dos meus sentimentos aos seus familiares”.

A mudança na relação entre Kalil e Fuad

O então prefeito Alexandre Kalil escolheu Fuad, no seu primeiro mandato, em 2017, para ser o seu secretário de Fazenda, umas das pastas mais importantes da prefeitura. Após classificá-lo como leal e competente, Kalil escolheu Fuad para ser vice na sua chapa, que tentava a reeleição, em 2020. Em 2022, o ex-presidente do Atlético deixou o comando da capital mineira para concorrer ao governo de Minas. No entanto, Kalil foi derrotado no 1º turno pelo governador Romeu Zema, que conseguiu se reeleger.

Nas eleições de 2024, Kalil decidiu não apoiar a reeleição de Fuad. Em um movimento de distanciamento, o ex-chefe do executivo deixou o PSD, partido do seu vice e secretário. Além do afastamento, Kalil colocou-se como adversário de Fuad. Pouco tempo antes da eleição municipal, o ex-prefeito anunciou que se filiaria ao Republicanos e apoiaria o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), adversário político de Fuad.

Para apoiar Tramonte, Kalil juntou-se ao grupo do adversários políticos Romeu Zema (Novo), Mateus Simões (Novo) e Luisa Barreto (Novo), que foi escolhida para ser vice na chapa do Republicanos. À época, analistas políticos classificaram a atitude como incoerência política. Com destaque nas agendas e propagandas políticos, Kalil viu o seu candidato ser derrotado em 1º turno.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.
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