O Supremo Tribunal Federal começa a julgar, nesta sexta-feira (21), a partir das 11h, em plenário virtual, a ação penal contra a deputada cassada Carla Zambelli (PL-SP), por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
O caso ocorreu em outubro de 2022, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, quando Zambelli discutiu com um apoiador do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o jornalista Luan Araújo, na cidade de São Paulo.
Luan gritou palavras de apoio a Lula e provocou a deputada, que se desequilibrou e caiu no chão. Em seguida, ela e um segurança perseguiram o jornalista pelas ruas, com armas em punho.
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A perseguição se estendeu por cerca de 100 metros. Após fugir de Zambelli e do segurança por um quarteirão, o jornalista atravessou a rua e entrou em um bar. A deputada seguiu o homem com a arma apontada para ele e o obrigou a deitar-se no chão. No processo, ela disse que Luan pediu desculpas e ela o deixou ir embora.
Os ministros vão analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra a parlamentar por dois crimes, porte ilegal de arma de fogo, sendo a pena de 2 a 4 ans de prisão, e constrangimento ilegal com arma de fogo, com pena inicial de 3 meses a 1 ano, mas é aplicada em dobro quando há o emprego de armas.
O STF tornou Zambelli ré por 9 votos a 2. Os únicos que votaram contra a abertura do processo, à época, foram André Mendonça e Nunes Marques, indicados ao tribunal pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mendonça avaliou que o caso é de competência da Justiça de São Paulo, por não ter relação com o mandato de Zambelli, enquanto Nunes Marques considerou que ela foi ofendida pelo jornalista e agiu na intenção legítima de prendê-lo.
Nesta sexta (11), os ministros vão depositar seus votos no sistema eletrônico do Supremo para condenar ou absolver Zambelli e, ao final do julgamento, definir a pena dela, caso seja condenada. A deputada negou ter cometido os crimes, argumentando que o uso da arma naquela situação não se qualifica como porte ilegal e que ela teve uma reação legítima resposta às provocações do jornalista.
Carla Zambelli cassada por 8 anos
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) concluiu o julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra Carla Zambelli (PL-SP) e cassou seu diploma de deputada federal, por maioria de votos (5x2). A decisão, que também a tornou inelegível por oito anos a partir do pleito de 2022, reconheceu o uso indevido dos meios de comunicação e a prática de abuso de poder político. A ação foi proposta pela também deputada federal Sâmia Bomfim (Psol), alegando que Zambelli divulgou informações inverídicas sobre o processo eleitoral de 2022.