Deputados federais da bancada mineira já trabalham na articulação para a análise dos vetos do presidente Lula (PT) ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Enquanto os governistas tentarão manter os vetos, os parlamentares de oposição vão lutar pela derrubada de, pelo menos, alguns deles. O projeto, que trata da renegociação das dívidas dos estados com a União, foi sancionado pelo chefe do Executivo no dia 14 de janeiro.
Os vetos do petista incomodaram bastante o governador Romeu Zema (Novo), que chegou a condicionar a adesão do estado ao Propag à derrubada dos vetos. Pouco depois, o governo de Minas suavizou o discurso e disse que irá, sim, aderir ao programa, mas apenas em 2026.
Líder da bancada mineira no Congresso Nacional, o deputado Luiz Fernando Faria (PSD) disse à Itatiaia que, apesar do incômodo de Zema com os vetos, o governador ainda não tem participado das articulações sobre o tema. “É de forma independente (as conversas). O governador não tem interlocução com a bancada, o governador, como você sabe, ele é uma pessoa que faz questão de não se aproximar do mundo político”, disse o parlamentar.
Ainda de acordo com Luiz Fernando Faria, a ideia é derrubar apenas alguns dos vetos de Lula. “Isso, por exemplo, que o governo de Minas quer pegar o recurso que virá para ser investido em Minas Gerais, fruto do acordo dessa negociação, para poder pagar banco privado, aí eu estou a favor do veto. Agora tem outros que eu estou analisando e que a gente pretende derrubar, ou seja, alguns eu vou trabalhar para derrubar e outros não”.
O governo de Minas foi questionado pela reportagem sobre as declarações do deputado federal a respeito de Zema, mas ainda não se posicionou. O espaço segue aberto.
Vice-líder do governo abre brecha para negociação
Por outro lado, a vice-liderança do governo Lula na Câmara dos Deputados, deputado federal Rogério Correia (PT), afirma que a base vai trabalhar para manter todos os vetos do governo federal. Mas isso, segundo ele, pode mudar se o governador Romeu Zema desistir do Regime de Recuperação Fiscal e da privatização de estatais Codemig, Cemig e Copasa.
Depende dele (Zema). Porque ele, pelo visto, quer apenas afrontar o governo do Lula para mostrar serviço ao Bolsonaro, mostrar que é de extrema direita. Então, o que ele tem feito até agora é isso. Se ele quiser resolver o problema de Minas, ele procura a bancada, procura o governo, nós podemos ter algum processo de negociação, mas ele tem que abrir mão de arrochar os servidores no Regime de Recuperação Fiscal e de parar o processo de privatização”, disse Rogério Correia.