Com perfurações próximas ao gasoduto da Gasmig, mineradoras clandestinas poderiam ter causado uma grave explosão em Minas Gerais. A atividade ilegal chamou atenção da Companhia de Gás de Minas Gerais, que denunciou o esquema para Polícia Federal.
As duas empresas investigadas estavam retirando minério ilegalmente às margens da rodovia BR-040 nos municípios de Nova Lima, na Grande BH, e Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. A PF não divulgou os nomes das empresas, com sede em Itabirito, mas confirmou que elas estavam atuando sem licença ambiental e tiveram as atividades suspensas.
Além do dano causado à natureza e o desrespeito às leis ambientais, a atividade ilegal colocou a vida de muita gente em risco. As empresas clandestinas estavam fazendo perfurações nas proximidades das tubulações da Gasmig por onde passam o gás, produto altamente inflamável. Um avanço das escavações poderia ter terminado em uma grande explosão, e consequentemente uma tragédia.
Uma tragédia só não aconteceu pelo fato da Gasmig, Companhia de Gás de Minas Gerais, ter desconfiado das atividades e acionado a Polícia Federal. A denúncia foi o ponto de partida de uma investigação da PF que terminou com a operação SOS-040.
Nessa quinta-feira, policiais federais saíram às ruas para cumprir 18 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Sete Lagoas, Itabirito, Contagem, Pedro Leopoldo, Nova Lima e Itabira. Dezenove veículos de carga foram apreendidos.
A Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil afirma que a mineração ilegal coloca em risco a vida das pessoas. Em entrevista à Itatiaia, o presidente da Amig, prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira, afirma que a mineração ilegal causa prejuízos em vários aspectos.
“A mineração ilegal não paga imposto, destrói o meio ambiente e poderia ter causado, no caso da gasmig, rompido um gasoduto e causado um prejuízo muito maior, colocando em risco vidas. O Tribunal de Contas da União afirma que em cada R$ 1 arrecadado, tem R$ 1 sonegado na atividade mineradora. O que é muito sério. não só na questão da sonegação. mas também da degradação ambiental e, sobretudo, colocando muitas vezes em risco à população. Essa apreensão da Polícia Federal mostra o colapso que existe dentro da Agência Nacional de Mineração com relação à capacidade de fiscalização e inibir a mineração ilegal”, explicou.
As investigações da PF apontam que o esquema de extração ilegal de minério de ferro às margens da BR-040 era sofisticado. As empresas contavam com vários profissionais atuando como motoristas, operadores de máquinas, negociando o produto mineral ilegal. Outros atuavam como “olheiros”, nome dado às pessoas que ficam monitorando a chegada da polícia para avisar os comparsas. Homens armados também prestavam serviço de escolta da extração de ilegal de minério.
- MP e governo de MG fazem operação contra mineradoras que atuam na Serra do Curral
- Justiça determina suspensão imediata da mineração na Serra do Curral, em BH
Todos os materiais apreendidos durante a operação de ontem serão periciados pela Polícia Federal. A PF já tem nomes de algumas empresas que estavam comprando o minério e vai continuar seguindo o caminho da atividade ilegal.
Até o momento, ninguém foi preso. No entanto, os envolvidos com as duas empresas vão responder pelos crimes de extração mineral ilegal, usurpação de bem da União e associação criminosa.
Em caso de condenação, somando as penas, eles podem pegar até nove anos de prisão.
O que diz a Gasmig
Procurada por nossa reportagem, a Gasmig tranquilizou a população. Após a operação da PF, a empresa informou que o gasoduto está em operando em segurança.
“Informamos que o gasoduto mencionado se encontra íntegro, seguro e em plena operação”, disse a Gasmig à Itatiaia.