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Com perfurações próximas ao gasoduto da Gasmig, mineração clandestina poderia ter causado uma tragédia em MG

Após denúncia da Gasmig, Polícia Federal desarticulou esquema que envolvia duas empresas. Os envolvidos vão responder por três crimes e podem pegar nove anos de prisão

Com perfurações próximas ao gasoduto da Gasmig, mineradoras clandestinas poderiam ter causado uma grave explosão em Minas Gerais. A atividade ilegal chamou atenção da Companhia de Gás de Minas Gerais, que denunciou o esquema para Polícia Federal.

As duas empresas investigadas estavam retirando minério ilegalmente às margens da rodovia BR-040 nos municípios de Nova Lima, na Grande BH, e Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. A PF não divulgou os nomes das empresas, com sede em Itabirito, mas confirmou que elas estavam atuando sem licença ambiental e tiveram as atividades suspensas.

Além do dano causado à natureza e o desrespeito às leis ambientais, a atividade ilegal colocou a vida de muita gente em risco. As empresas clandestinas estavam fazendo perfurações nas proximidades das tubulações da Gasmig por onde passam o gás, produto altamente inflamável. Um avanço das escavações poderia ter terminado em uma grande explosão, e consequentemente uma tragédia.

Uma tragédia só não aconteceu pelo fato da Gasmig, Companhia de Gás de Minas Gerais, ter desconfiado das atividades e acionado a Polícia Federal. A denúncia foi o ponto de partida de uma investigação da PF que terminou com a operação SOS-040.

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Nessa quinta-feira, policiais federais saíram às ruas para cumprir 18 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Sete Lagoas, Itabirito, Contagem, Pedro Leopoldo, Nova Lima e Itabira. Dezenove veículos de carga foram apreendidos.

A Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil afirma que a mineração ilegal coloca em risco a vida das pessoas. Em entrevista à Itatiaia, o presidente da Amig, prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira, afirma que a mineração ilegal causa prejuízos em vários aspectos.

“A mineração ilegal não paga imposto, destrói o meio ambiente e poderia ter causado, no caso da gasmig, rompido um gasoduto e causado um prejuízo muito maior, colocando em risco vidas. O Tribunal de Contas da União afirma que em cada R$ 1 arrecadado, tem R$ 1 sonegado na atividade mineradora. O que é muito sério. não só na questão da sonegação. mas também da degradação ambiental e, sobretudo, colocando muitas vezes em risco à população. Essa apreensão da Polícia Federal mostra o colapso que existe dentro da Agência Nacional de Mineração com relação à capacidade de fiscalização e inibir a mineração ilegal”, explicou.

As investigações da PF apontam que o esquema de extração ilegal de minério de ferro às margens da BR-040 era sofisticado. As empresas contavam com vários profissionais atuando como motoristas, operadores de máquinas, negociando o produto mineral ilegal. Outros atuavam como “olheiros”, nome dado às pessoas que ficam monitorando a chegada da polícia para avisar os comparsas. Homens armados também prestavam serviço de escolta da extração de ilegal de minério.

Todos os materiais apreendidos durante a operação de ontem serão periciados pela Polícia Federal. A PF já tem nomes de algumas empresas que estavam comprando o minério e vai continuar seguindo o caminho da atividade ilegal.

Até o momento, ninguém foi preso. No entanto, os envolvidos com as duas empresas vão responder pelos crimes de extração mineral ilegal, usurpação de bem da União e associação criminosa.

Em caso de condenação, somando as penas, eles podem pegar até nove anos de prisão.

O que diz a Gasmig

Procurada por nossa reportagem, a Gasmig tranquilizou a população. Após a operação da PF, a empresa informou que o gasoduto está em operando em segurança.

“Informamos que o gasoduto mencionado se encontra íntegro, seguro e em plena operação”, disse a Gasmig à Itatiaia.


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Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.
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