O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta segunda-feira (12) que o acordo de Mariana só não foi fechado por oposição do governo federal. Segundo ele, tanto o Governo de Minas como o do Espírito Santo já aprovaram a proposta apresentada pelas mineradoras, no valor de R$ 82 bilhões, parcelados em 20 anos.
Questionado sobre o impasse em torno dos valores para repactuação do desastre, Zema disse que os estados estão sendo prejudicados, já que o governo federal tenta negociar um valor maior em vez de aceitar a proposta, assinada pela Vale, Samarco e BHP Billiton.
“Os estados afetados não estão sendo atendidos. Minas Gerais e o Espírito Santo estão sendo prejudicados por esse atraso. Nos atenderia [a proposta atual]. O que vale mais? Dois hospitais printos daqui um ano ou 20 hospitais daqui a 50 anos? O que vai salvar mais vidas?”, questionou Zema.
O governador participou, nesta segunda, de uma vistoria a obras de construção do Distrito Industrial de Brumadinho, cidade atingida por outro desastre ambiental, em 2019. Os recursos para construção da infraestrutura do local foram feitos com recursos do acordo com a Vale, fechado em 2021, no valor global de R$ 37,7 bilhões.
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Outra crítica de Zema é com relação às exigências do governo Lula para a assinatura do acordo. Segundo ele, a União quer que as mineradoras retirem da bacia do Rio Doce, os rejeitos que foram despejados com o rompimento da barragem.
“Temos conversado [com o governo federal] e sempre temos um obstáculo. ‘Ah, temos que remover o material do rio’. Remover o material do rio, do meu ponto de vista, é criar uma nova tragédia ambiental. E qual cidade vai querer receber esse material?”, critica.
Propostas na mesa
São duas as propostas na mesa de negociação, neste momento.
A das mineradoras — que, segundo Zema já foi aprovado por Minas e Espírito Santo — tem um valor global de R$ 140 bilhões, mas as empresas querem descontar R$ 37 bilhões de recursos já empregados em ações de reparação, bem como assumir outros R$ 21 bilhões em ações “por fazer”. Ou seja, na prática, o valor que entraria nos cofres dos governos federal, de Minas e do Espírito Santo, seria R$ 82 bilhões, parcelados em 20 anos.
A contraproposta do poder público exclui as “ações por fazer” das mineradoras, mas pede um repasse maior, de R$ 109 bilhões e divididos em um prazo menor, de 12 anos.