STF forma maioria de votos para ampliar alcance do foro privilegiado

Com voto de Barroso, Supremo definiu que políticos e autoridades poderão ser julgadas pela corte, mesmo após deixarem o cargo; ministro André Mendonça pediu vista

Presidente do STF, Luís Roberto Barroso, consolidou a maioria pela ampliação do foto privilegiado

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  • Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, votou pela ampliação do foto privilegiado e formou maioria pelo entendimento da ação proposta por Gilmar Mendes, decano da corte.
  • Ação vai permitir que o STF julgue autoridades mesmo após deixarem o cargo; justificativa é evitar o vai e vem de ações para instâncias inferiores, o que favorece o investigado e atraso os julgamentos
  • Decisão aumenta os poderes da corte, que poderá continuar julgando procesos como o do ex-presidente Jair Bolsonaro, que após deixar o cargo já tentou enviar seus procesos para outras cortes

O Supremo Tribunal Federal formou maioria de votos favoráveis à ação que amplia o alcance do foro privilegiado para casos de crimes cometidos no cargo e em razão dele. A decisão, na prática, aumenta os poderes da corte, que poderá manter inquéritos de autoridades julgadas no STF, mesmo após deixarem o cargo.

Nesse momento, mesmo com a maioria dos votos favoráveis à ampliação do foro, o julgamento está paralisado devido a um pedido de vista feito pelo ministro André Mendonça, que pediu mais tempo para analisar a decisão.

Antes disso, o caso estava suspenso desde março por um pedido de vistas de Luís Roberto Barroso, presidente da Corte. Naquela ocasião, faltava apenas um voto para que a maioria fosse formada. Na madrugada desta sexta-feira, os ministros retomaram a votação com o voto do presidente do STF, que seguiu o entendimento do relator, o ministro Gilmar Mendes.

Com a maioria, o Supremo ajusta o entendimento atual e amplia o foro de deputados, senadores, ministros e demais autoridades que cometerem crimes usando a função pública, ainda que tenham deixado o mandato. A justificativa dos ministros é que o vai e vem de mandatos e as mudanças de instância dos processos na justiça favoreciam os investigados e provocavam uma morosidade nos julgamentos.

A ação que embasou essa decisão é um habeas corpus (HC) do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), que é acusado de praticar ‘rachadinha’ em seu gabinete na época em que era deputado-federal, em 2013. A acusação aponta que o parlamentar recolhia 5% dos salários dos funcionários e direcionava para uma conta do partido.

Por ser deputado, Marinho começou a ser julgado pela STF, mas em 2014 foi eleito vice-governador do Pará e, em seguida, senador, cargo que ocupa atualmente.

Ao longo desse período de onze anos, o processo foi mudando de competência. No HC, o senador pede que o caso permaneça no Supremo. Assim, Gilmar Mendes fez a proposta de ampliar o foro.

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Ampliação de poderes

Um fator que chamou a atenção nesse julgamento é o aumento de poder da corte sobre os parlamentares, que agora, em tese, não poderão escapar das mãos do Supremo Tribunal Federal.

Um exemplo é o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que mesmo após perder o foro privilegiado desde que deixou a o cargo, em 2023, deverá continuar a ser julgado pelo ministro Alexandre de Moraes por supostos crimes, como tentativa de golpe de Estado, venda de joias do acervo presidencial e fraude em cartões de vacinação.

Em seu voto, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou que a decisão de manter o foro não altera a proposta feita por ele e aprovada pelo STF em 2018, que restringia o foro apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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