Ao participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto na quarta-feira (10), Lula avisou: “A gente pode até não gostar, mas é direito democrático dos trabalhadores. Não tenho moral para falar contra a greve, eu nasci das greves”. A fala foi direcionada aos servidores públicos federais, que ameaçam cruzar os braços diante da falta de reajustes salariais em 2024. Nesta quinta (11), a ministra Esther Dweck, chefia da pasta de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, sinalizou que o governo não deve ceder à pressão e manter o reajuste previsto apenas para o próximo ano.
Na negociação que é conduzida com os servidores, o governo prevê um aumento de 19% para os trabalhadores ao longo do mandato do presidente Lula, que termina em 2026. O primeiro reajuste, de 9%, foi concedido em 2023. Os demais, de 4,5% cada, estão previstos para 2025 e 2026 e vão incidir sobre os reajustes já concedidos, por isso a conta de 19%.
Durante entrevista ao programa ‘Bom dia, Ministra’, da rede EBC, Dweck reafirmou a proposta. “O que a gente tem pactuado inicialmente dentro do governo, que a gente garantiria para todo mundo 9%, mais 4,5% e 4,5%. Ao todo, 19% acima da inflação do período, ninguém teria perda ao longo do governo do presidente Lula. Mas não teríamos facilidade de recuperar perdas de governo anterior por falta de qualquer reajuste de servidores naquele momento”, declarou.
Para este ano, a ideia do governo é conceder reajustes nos benefícios, o que tem sido rejeitado pelos servidores federais. A proposta consiste em um aumento no valor do auxílio-alimentação, que passaria dos atuais R$ 658 para R$1.000. Ainda por essa proposta, o auxílio-saúde sairia dos atuais R$ 144 para R$ 215, em média, considerando a contrapartida paga pelo governo. Já o auxílio-creche sairia de R$ 321 para R$ 484,90.
Negociações separadas
A ideia do governo, conforme apresentado aos servidores em reunião realizada na quarta-feira (10), é instalar mesas de negociações específicas para discutir reajustes pontuais com as categorias. A ideia é que essas negociações comecem em junho. Uma das categorias consideradas prioritárias pelo governo são dos servidores do setor de educação.
Os técnicos das universidades e institutos federais estão em greve desde 11 de março, e os professores do ensino superior aprovaram um indicativo de greve a partir da próxima segunda-feira (15).