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Lula deve trocar duas diretorias do Banco Central em 2024, e mandato de Campos Neto se encerra em dezembro

Relação entre Lula e presidente do Banco Central foi marcada por atritos nos primeiros meses do governo, mas, os dois encerraram o ano com trocas de elogios

Quatro das nove diretorias do Banco Central com voto no Comitê de Política Monetária (Copom) são ocupadas, em 2024, por indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a presença de servidores nomeados pelo petista pode aumentar ainda neste ano, quando se encerram os mandatos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dos diretores Carolina de Assis Barros, de Relacionamento, e Otávio Damaso, de Regulação.

Lula pode decidir reconduzir Campos Neto para um segundo mandato com duração de quatro anos. Entretanto, a relação entre o petista e o presidente do Banco Central foi marcada, no primeiro ano do mandato de Lula, por atritos, tensionamentos, críticas e cobranças. O Palácio do Planalto e aliados têm cobrado Campos Neto por reduções mais aceleradas da taxa básica de juros no país, que começou a cair apenas em julho do ano passado; nos últimos meses, a Selic saiu de 13,75% para 11,75%. O Comitê de Política Monetária adota uma postura conservadora na redução dos juros, e o Governo Lula pressiona por uma queda mais rápida. Lula e Campos Neto trocaram farpas publicamente. Entretanto, a tendência de queda da Selic azeitou a relação entre os dois. A recondução de Campos Neto à presidência do Banco Central é incerta.

Os dois diretores, Carolina de Assis Barros e Otávio Damaso, devem ser trocados pelo presidente que, assim, alcançará maioria no Copom — responsável por decidir o rumo da taxa de juros. As mudanças no comitê-gestor começaram em junho do ano passado com as indicações de Ailton Aquino para a Diretoria de Fiscalização e de Gabriel Galípolo para a Diretoria de Política Monetária. Os dois foram sabatinados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal e tiveram as indicações aprovadas no plenário.

Depois, em outubro, Lula indicou Paulo Pichetti e Rodrigo Alves Teixeira, também submetidos à análise da CAE e à aprovação no plenário. Os dois tomam posse nesta terça-feira (2) e assumem, respectivamente, as diretorias de Assuntos Internacionais e Gestão de Risco e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta.

Confira, a seguir, quem são os nove diretores que compõem o Copom:

  • Roberto Campos Neto: presidente do Banco Central; fim do mandato em 31 de dezembro de 2024;
  • Carolina de Assis Barros: diretora de Relacionamento; fim do mandato em 31 de dezembro de 2024;
  • Otávio Damaso: diretor de Regulação; fim do mandato em 31 de dezembro de 2024;
  • Diogo Guillen: diretor de Política Econômica; fim do mandato em 31 de dezembro de 2025;
  • Renato Gomes: diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução; fim do mandato em 31 de dezembro de 2025;

Os outros quatro diretores foram indicados pelo presidente Lula, são eles:

  • Ailton Aquino: diretor de Fiscalização; fim do mandato em 28 de fevereiro de 2027;
  • Paulo Pichetti: diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos; fim do mandato em 31 de dezembro de 2027;
  • Gabriel Galípolo: diretor de Política Monetária; fim do mandato em 28 de fevereiro de 2027;
  • Rodrigo Alves Teixeira: diretor de Administração; fim do mandato em 31 de dezembro de 2027.
Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
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