O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou durante depoimento à CPMI dos Atos Antidemocráticos, que se reuniu com outras autoridades do Distrito Federal no dia 6 de janeiro para definir a desmobilização do acampamento em frente ao Quartel General do Exército, e garantiu que, na data, não existia informações de inteligência sobre a possibilidade dos atos do dia 8 de janeiro.
“Naquela sexta-feira, os acampamentos estavam praticamente desmontados. Eles (Exército) precisavam da secretaria de Desenvolvimento Social para retirar os vulneráveis, as pessoas em situação de rua. Essa foi a imagem que viajei com ela na cabeça. De pouquíssimas pessoas naquela sexta-feira (6 de janeiro) nos acampamentos. Jamais iria imaginar que aquilo ia acontecer, que ia virar de novo, e se tornar o dia 8 de janeiro. Quando viajei, não havia essa informação de inteligência”, afirmou Torres.
Interferência de Bolsonaro
O ex-ministro disse que nunca recebeu ordens e negou interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na elaboração do planejamento de segurança no segundo turno das eleições. Anderson Torres afirmou que não teria viajado aos Estados Unidos, caso tivesse informações de inteligência sobre o risco dos atos golpistas.
Na semana passada, o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência Saulo Moura da Cunha revelou, em depoimento à CPMI dos Atos Antidemocráticos, que a ABIN produziu 33 alertas de inteligência entre os dias 2 e 8 de janeiro deste ano, quando ocorreu a depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes.
Em um dos alertas, as forças de segurança teriam sido comunicadas sobre a presença de pessoas que diziam estar armadas e que havia risco de depredação das sedes dos Três Poderes. Saulo Moura da Cunha revelou, ainda, que a ABIN entregou um relatório ao governo de transição sobre a presença de extremistas nos acampamentos em frente ao Quartel General do Exército.