O Governo de Minas já estuda o envio de projetos de privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Abastecimento e Saneamento (Copasa) à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Deputados reagiram - favorável e contrariamente - às declarações do secretário de Estado de Governo, Igor Eto (Novo) sobre o assunto.
Em entrevista exclusiva à Itatiaia nesta quinta-feira (4), Eto confirmou que a articulação junto aos deputados já começou no Legislativo e que os projetos de privatização não se tratam de uma ideológica, mas prática.
“O nosso propósito agora é começar a discussão, de forma incipiente e sondando os deputados, mas queremos tratar de desestatizações. Não é agora uma pauta ideológica, mas uma página prática. A Cemig e a Copasa são companhias que precisamos pensar nelas para destravar o desenvolvimento de Minas Gerais”, disse.
O deputado da base do governo Zema, Rodrigo Lopes (União Brasil) afirma ser favorável às privatizações quando as empresas não conseguem entregar um serviço de boa qualidade para a população. O parlamentar, no entanto, ressalta que as companhias precisam ser negociadas por valores competitivos.
“Eu acredito no processo de privatização, desde que haja uma modelagem bem feita. Quando você fala em Copasa e Cemig, são duas empresas, hoje, que em sua grande parte prestam serviços de má qualidade, principalmente a Copasa”, afirmou.
Ex-prefeito de Andradas, no Sul de Minas, o deputado disse que a relação da companhia com os municípios também é ruim e precisou cancelar o contrato com a empresa.
“Anulamos o contrato em 2019. Considero que a privatização é algo essencial, obviamente que não é jogar a empresa fora, vender a preço de banana”, completou o deputado.
O discurso de Rodrigo Lopes vai de encontro ao do próprio governador Romeu Zema (Novo). No fim de abril, em um evento na Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), o chefe do Executivo mineiro disse que o governo irá encaminhar projetos de privatização das duas empresas à Assembleia - apesar de não ter dado uma previsão de data.
O parlamentar do bloco de oposição, o deputado Professor Cleiton (PV) sustenta que há assuntos mais importantes para serem discutidos neste momento na Assembleia.
“Creio que, neste semestre pelo menos, o governo esgotou a cota das suas pautas, com a reforma administrativa e o aumento do salário do próprio governador em quase 300%", disparou. “Existem pautas prioritárias na Assembleia, como a valorização do servidor público e o acordo de Mariana. Nós temos também um seminário para discutir a dívida do estado, que vai demandar bastante tempo e queremos entender porque a dívida aumentou durante o governo Zema”, completou.
O deputado também relembrou entraves para a privatização em Minas Gerais, como a necessidade de realização de uma consulta popular.