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Tutores de pássaros devem saber diferenciar sintomas de doenças e comportamentos naturais

Diagnósticos precoces são essenciais para o sucesso do tratamento e para a longevidade das aves

Pássaros doentes costumam apresentar sintomas como sonolência e alterações no apetite e hidratação

Criar pássaros não é a tarefa mais simples do mundo. Os tutores devem saber reconhecer quando algo não vai bem com eles e isso exige olhar atento, pois o que parece apenas um hábito natural pode, na verdade, ser um sinal de doença.

Esse reconhecimento é muito útil para identificar sintomas precocemente e, com isso, garantir o bem-estar e longevidade das aves, e para distinguir o que é esperado do que exige intervenção.

“Em muitos casos, quando o tutor percebe que algo está errado, a doença já está avançada”, alerta a veterinária e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Kátia Werther.

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De acordo com ela, pássaros doentes costumam apresentar sintomas sutis, como sonolência. Ela lista alguns deles:

  • Redução da atividade e do canto;
  • Isolamento ou agressividade repentina;
  • Alterações nas fezes (cor, consistência, presença de sangue);
  • Respiração ofegante ou com barulho;
  • Penas eriçadas ou caindo muito.

O apetite e a hidratação também costumam ser indicativos que merecem atenção. “Desidratação e perda de peso são indicadores comuns de quadros infecciosos ou parasitários”, aponta a UFMG em cartilha sobre aves ornamentais.

Comportamentos naturais que confundem

Alguns comportamentos naturais dos pássaros podem facilmente serem confundidos com sintomas de doenças.

Durante a muda de penas, por exemplo, é comum que as aves fiquem mais quietas ou irritadiças. O arrulhar ou o tremor leve das asas pode ser apenas uma forma de expressar satisfação ou interesses.

“Nem toda sonolência é sinal de doença. Em dias frios ou após atividades intensas, é normal que o pássaro fique mais quieto”, explica o veterinário Ricardo Tamborini, especializado em animais silvestres.

“O importante é observar o contexto e a duração dessas mudanças”, diz.

Os tutores também devem considerar a individualidade da ave e manter um acompanhamento regular com veterinário especializado.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o manejo adequado e o monitoramento constante ajudam a prevenir doenças e são parte da responsabilidade de quem cria pássaros em casa.

Cuidados que fazem diferença

Cuidados básicos, como manter o ambiente das aves enriquecido, alimentação balanceada e rotina de higiene são os mais importantes para manter a saúde física e mental delas.

“O estresse é um fator desencadeante de diversas doenças em aves. Espaço inadequado, mudanças bruscas de temperatura e falta de interação podem comprometer o sistema imunológico dos animais”, afirma a Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (Abravas).

Em caso de dúvidas sobre o comportamento do pássaro, a orientação é que os tutores sempre busquem profissionais habilitados.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.