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Tutores de aves devem aprender a identificar sinais corporais de calor ou frio excessivos

Como esses animais são sensíveis a variações térmicas, expô-los ao frio ou calor extremos pode levar a quadros de estresse, doenças respiratórias ou até à morte

Observação e adaptação do ambiente evita doenças e promove uma vida mais longa e saudável às aves domésticas

A criação de aves em casa exige atenção a detalhes muitas vezes ignorados pelos tutores: a temperatura corporal. Diferente de cães e gatos, as aves possuem um metabolismo muito mais acelerado, o que faz com que sua temperatura interna seja naturalmente mais elevada.

Em média, pássaros como calopsitas, periquitos e papagaios mantêm a temperatura corporal entre 39 °C e 41 °C. Para garantir saúde e longevidade, o ambiente em que as aves vivem precisa atender às exigências fisiológicas delas.

Segundo o Merck Veterinary Manual, “a manutenção da temperatura ideal é um dos aspectos mais importantes no manejo de aves de estimação, especialmente filhotes e espécies exóticas” em publicação sobre a saúde de aves domésticas.

Como esses animais são sensíveis a variações térmicas, expô-los ao frio ou calor extremos pode levar a quadros de estresse, doenças respiratórias ou até à morte.

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Além disso, aves não transpiram como os mamíferos. Elas regulam a temperatura por mecanismos como o eriçamento das penas, a vasodilatação nas pernas e um movimento acelerado de garganta chamado “gular flutter”, semelhante a um ofegar, que favorece a perda de calor.

“A troca de calor nas aves depende fortemente do comportamento, já que elas não possuem glândulas sudoríparas”, explica o Cornell Lab of Ornithology no manual All About Birds (Tudo Sobre Pássaros, em português).

Quando o ambiente interfere na saúde

As aves mantêm a temperatura interna com esforço constante, e ambientes mal ajustados exigem gasto extra de energia, o que impacta diretamente o sistema imunológico.

Isso é ainda mais crítico no caso de filhotes, que ainda não conseguem regular a própria temperatura com eficiência.

De acordo com o portal PetMD, a faixa ideal para aves de estimação varia entre 18 °C e 27 °C, com atenção redobrada em dias muito frios ou muito quentes.

Em temperaturas acima de 30 °C, já há risco de hipertermia; abaixo de 15 °C, de hipotermia.

Há alguns sinais de alerta e cuidados que os tutores devem observar:

  • Sinais de desconforto térmico, como penas arrepiadas fora do período de descanso, respiração ofegante com bico aberto, apatia, sono excessivo e perda de apetite;
  • Para evitar extremos, posicione o viveiro longe de janelas, correntes de ar, ar-condicionado ou aquecedores diretos;
  • Um ambiente estável significa manter a gaiola em local abrigado, com temperatura constante e iluminação natural;
  • Atenção para hidratação adequada. Mantenha água fresca sempre disponível, principalmente em dias quentes;
  • Alterações persistentes no comportamento térmico exigem avaliação de um especialista e acompanhamento veterinário.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.