Durante as obras de restauração da Igreja Bom Jesus de Matozinhos, São Miguel e Almas, localizada no bairro Cabeças, em Ouro Preto, foi identificado o piso original da lateral direita do templo.
A estrutura, composta por lajes de pedra, estava coberta por concreto e foi revelada durante visita técnica realizada na quarta-feira (18).
Segundo a arqueóloga Maíra Mendes, o material encontrado será preservado e integrado à revitalização externa da igreja. Parte do novo piso será complementada com lajes de mesma tipologia, conhecidas como pedra Ouro Preto. A descoberta permite reconstituir aspectos da construção original do templo, contribuindo para a compreensão de práticas construtivas e usos do espaço ao longo dos séculos.
Esse tipo de achado é considerado relevante para a arqueologia e a história, pois oferece evidências materiais diretas de períodos anteriores, contribuindo para a autenticidade de processos de restauração. Descobertas como essa permitem atualizar o conhecimento histórico sobre a arquitetura religiosa colonial e orientar práticas de preservação com base em dados empíricos. Em contextos urbanos como o de Ouro Preto, tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco, cada elemento recuperado fortalece o patrimônio material e simbólico da cidade.
A visita técnica contou com a presença do prefeito Angelo Oswaldo, da vice-prefeita Regina Braga, de integrantes do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural de Ouro Preto (Compatri) e da equipe responsável pela restauração.
As obras de recuperação estão 50% concluídas. A primeira fase inclui reforço estrutural, reconstrução de 99% do telhado, restauração de 85% dos pisos, finalização da drenagem profunda e início da drenagem superficial. Outras intervenções em andamento envolvem a recuperação dos forros laterais, revitalização da pintura externa das torres, instalação do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e revisão elétrica.
A restauração é fruto de parceria entre a Prefeitura de Ouro Preto e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do orçamento municipal. A gestão é realizada pela Secretaria de Cultura e Turismo, por meio do Departamento de Projetos Especiais (Proesp), com acompanhamento técnico do Iphan. A conclusão da primeira etapa está prevista para janeiro de 2026, com início das próximas fases ainda em 2025.