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Estudo confirma que ônibus demoram mais em pontos da periferia do que em regiões mais ricas de BH

Conclusão está entre levantamentos feitos pelo movimento Nossa BH, que lançou o Mapa da Desigualdade

Imagem meramente ilustrativa

Imagem meramente ilustrativa

Edilene Lopes/ Itatiaia

O movimento Nossa BH lançou o Mapa da Desigualdade, que aponta concentração de renda em Belo Horizonte nas regiões Centro-Sul e Pampulha. A pesquisa traz dados inéditos sobre a mobilidade urbana e mostra que os pontos de ônibus, onde passam menos coletivos, estão localizados, justamente, nos bairros mais pobres da capital mineira, que é onde as pessoas mais precisam do transporte coletivo. A região mais prejudicada, como mostra o mapa, é a Nordeste, onde, segundo o coordenador do movimento, André Veloso, há concentração da população negra.

Em relação à região metropolitana de Belo Horizonte, a cidade de Nova Lima tem renda média de 3,4 vezes maior que a de Vespasiano, município que apresenta menor renda na Grande BH. As informações são do economista André Veloso.

“A gente tem uma demonstração muito clara e visível neste mapa da concentração de renda na região Centro-Sul de Belo Horizonte e um pouco na região da Pampulha, sendo nos bairros ricos que ficam próximos a Lagoa. Não por coincidência, nesses mesmos bairros, a gente tem uma concentração muito grande de pessoas brancas. A proporção de pessoas brancas em relação a mulheres negras, por exemplo, em bairros como Vila Paris ou Sion, é mais de 90%. Apenas 8% dos habitantes da Vila Paris ou do Luxemburgo se autodeclararam pretos”, avalia.

Ele completa: “Além disso, a gente tem a evidência que a maior parte da população preta e parda do município e da região metropolitana de BH está nas periferias, que são apontadas como as regiões do Barreiro, Norte e Nordeste da capital e também em municípios como Santa Luzia e Ribeirão das Neves, se falarmos da Grande BH”.

O Mapa da Desigualdade também detalha outras dificuldades enfrentadas por essa parte da população que é menos favorecida. Nesse levantamento, o transporte coletivo aparece entre um dos problemas mais significativos para os moradores dessas áreas de periferia.

“Existem dados sobre acidentes de trânsito e, principalmente, dados sobre pontos de ônibus na cidade. Se analisarmos um ponto de ônibus, independente do trajeto dele, se em um hora passar menos de quatro coletivos naquele ponto, esse é considerado de baixa frequência. Se passa entre quatro e dez ônibus por hora naquele local, esse é considerado de média frequência. Se passar mais de dez coletivos por hora, ou seja, um ônibus a cada cinco minutos, esse ponto é considerado de alta frequência”, explica o especialista.

Sobre a questão da mobilidade, André Veloso detalha a dificuldade dessa parcela da população mais prejudicada. “A gente percebe que o Centro da cidade é uma região de alta frequência, claro. Mas os bairros da periferia, principalmente, os da região Nordeste, não por acaso, de novo, que é onde a população preta e mais pobre da cidade está, é onde existem mais pontos de ônibus de baixa frequência. Ou seja, menos acessibilidade a cidade”, avalia.

André Veloso explica, ainda, que esse problema também é encontrado por moradores de periferias que ficam no interior de regiões mais abastadas. “Isso não acontece só na periferia geográfica. Por exemplo, o Aglomerado da Serra ou o Morro do Papagaio, que estão não região Centro-Sul, aparecem como sendo locais com poucos pontos de ônibus de alta frequência, ou seja, tem poucos coletivos passando”, esclarece.

O Mapa da Desigualdade aponta também que a situação do transporte coletivo em Belo Horizonte é ainda pior aos finais de semana e nos feriados. “A gente também fez esse levantamento de pontos para os feriados e finais de semana. Nesses dias, nós vemos que não tem um lugar na cidade com pontos de alta frequência. Se você for para um ponto de qualquer região de BH, nesses dias, vai ter que esperar mais de 15 minutos ou meia hora pelo transporte. Isso significa que temos um incentivo para que as pessoas usem carro, é uma retirada do direito delas ao transporte e mostra as intenções da política pública de não prover o acesso a cidade para essas pessoas”, acredita.

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