Rio: Brics vai expressar preocupação com tarifas ‘unilaterais’

Ministros das Finanças dos países-membros do bloco divulgaram declaração conjunta em que expressaram preocupação com a tensão tarifária

Cúpula do Brics

O Brics vai expressar “sérias preocupações” com o aumento de tarifas “unilaterais”, na declaração final da sua reunião de cúpula no Rio de Janeiro, segundo o projeto de texto acordado neste sábado pelos negociadores.

“Expressamos nossa preocupação séria com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”, diz o documento, ao qual a AFP teve acesso.

O texto não menciona o presidente Donald Trump, que disse nesta semana que planeja enviar cartas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos nos próximos dias para informá-los sobre a aplicação iminente de tarifas anunciadas.

“Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional”, disse hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao abrir um evento empresarial do Brics.

Os ministros das Finanças dos países-membros do bloco divulgaram uma declaração conjunta em que também expressaram preocupação com a tensão tarifária.

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Consenso sobre Oriente Médio

Os negociadores também chegaram hoje a um consenso sobre a escalada bélica no Oriente Médio, tema que mais dividia as delegações.

O Irã, membro do grupo desde 2023, esperava um tom mais duro do Brics sobre o conflito naquela região, segundo uma fonte que participou da negociação. Mas a declaração final dos líderes vai manter “a mesma mensagem” que o grupo divulgou no mês passado, na qual manifestou “profunda preocupação” com os bombardeios de Israel e Estados Unidos contra o Irã.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, não participará da reunião no Rio, para a qual foi enviado seu chanceler, Abbas Araqchi.

“A tendência é que o tom da reunião de cúpula seja cuidadoso” com os Estados Unidos, disse à AFP Marta Fernández, especialista em Relações Internacionais e diretora do BRICS Policy Center da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). A China, por exemplo, “vem tentando uma postura contida sobre Oriente Médio, e uma cúpula capturada por esse conflito talvez não seja do interesse de Pequim”.

Após o bombardeio ordenado em junho por Donald Trump contra instalações nucleares iranianas, o Brics emitiu “uma declaração totalmente vaga” sobre o conflito, disse Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O motivo foram as “divergências entre os membros”, com países como a Índia, que negociam acordos comerciais com Washington e “não querem se indispor com os Estados Unidos”, acrescentou.

Com informações de AFP

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