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Dia de Los Muertos: conheça a data mais popular do México

Celebração é dedicada à memória de entes queridos, com muita festividade, cores vibrantes e alegria

Máscaras são características do Dia de los Muertos no México

Neste domingo (2), no México, é celebrado o Dia de Los Muertos (Dia dos Mortos, em tradução livre). Essa é uma celebração tradicional mexicana dedicada à memória de entes queridos falecidos, semelhante ao Dia de Finados no Brasil, que é celebrado no mesmo dia, mas com algumas celebrações tradicionais.

De acordo com o professor de História Moderna e História da América da Una, Rangel Cerceau Netto, ao contrário de outras homenagens fúnebres, essa é marcada por festividades, cores vibrantes e alegria.

“Acredita-se que, nesse período, as almas dos mortos retornam para visitar seus familiares. A comemoração da cultura dos mortos no México deve ser entendida dentro de um processo amplo de mestiçagem cultural e mundialização ibérica. Assim, a colonização e a transformação das culturas indígenas, sobretudo, as pré-colombianas, ajudam a compreender como essas celebrações se tornaram o que são hoje”, afirmou.

“O ritual de celebração dos mortos em si tem tradições diversas e remete a tempos imemoriais relacionados a tradições particulares e antropológicas de certas culturas”, acrescentou.

Origem

A tradição, segundo o professor, tem raízes indígenas, especialmente entre os povos pré-hispânicos, como astecas, maias e náuatle e, com a colonização e a chegada dos espanhóis e do cristianismo, outras tradições foram incorporadas. Por isso, a celebração que envolve a morte foi mesclada com o calendário católico.

“As comemorações se estendem de 31/10 a 2/11, coincidindo com o Dia de Todos os Santos (1/11) e o Dia de Finados (2/11). Ambas as datas compartilham o objetivo de homenagear os mortos, mas com abordagens distintas: O Dia de Finados, celebrado pela Igreja Católica, é mais solene e introspectivo; o Dia de Los Muertos é festivo, com a crença de que os mortos retornam para celebrar com os vivos”, explicou.

“A fusão entre tradições indígenas e católicas explica essa coincidência de datas”, acrescentou.

A comemoração surgiu no México colonial e foi um “laboratório de experiências marcadas pela segunda mundialização, onde elementos da cultura europeia se misturarm com tradições indígenas, criando formas de expressão cultural”, de acordo com o professor.

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Forma diferente de lidar com a morte

Ao contrário do Dia de Finados, que é melancólico e triste, o Dia de Los Muertos é alegre e mostra uma forma diferente de lidar com a morte.

“A forma como lidamos com a morte hoje é resultado de processos históricos e culturais complexos. A morte foi progressivamente afastada da vida cotidiana, transformada em tabu, e submetida ao controle institucional. No entanto, práticas como os cuidados paliativos e movimentos por uma morte digna mostram que há caminhos para reintegrar a morte à vida, com mais humanidade e menos medo”, afirmou o professor.

“Para culturas como a asteca e a maia, a morte não era fim, mas transição. Essa visão persiste no Dia dos Mortos, em que os mortos são celebrados como parte ativa da comunidade”, concluiu.

Simbologia

Vários elementos indígenas fazem parte da celebração do Dia de Los Muertos, como o Copal, uma resina aromática usada como incenso, tradicionalmente queimada pelos povos pré-colombianos em rituais religiosos e usada para afastar os espíritos malignos, permitindo que as almas dos mortos entrem em casa em segurança, e a flor de Cempasúchil, usada pelos astecas em cerimônias funerárias para guiar os espíritos até os altares.

Também são feitas oferendas para os mortos que visitam as famílias, como Tamales, Atole, Pibes, Tan-chucuw, entre outros, que são colocados em altares domésticos.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.