Todos os 80 passageiros que estavam na aeronave da Delta Airlines sobreviveram ao impacto do ‘capotamento’ do avião no aeroporto de Pearson, em Toronto, no Canadá. O acidente, que aconteceu nessa segunda-feira (17), poderia ter sido uma tragédia, mas resultou em 21 feridos, com 19 deles já liberados dos hospitais.
Para especialistas, a ausência de fatalidades não é uma mera coincidência ou sorte dos passageiros envolvidos. À Itatiaia, Fernando Pamplona, comandante de linha aérea e parte da equipe de resposta de emergências, aponta que mais de um fator contribuiu para a sobrevivência das pessoas que estavam no voo. São eles:
- A presença de neve, que ajudou a parar o avião mais rapidamente e funcionou como um extintor de incêndio. A neve, embora tenha contribuído para o acidente, ajudou a extinguir o fogo ao derreter e virar água.
- O treinamento da tripulação na evacuação. A evacuação foi conduzida de forma profissional.
- A resistência dos materiais e a técnica construtiva da aeronave. Apesar de o avião ter virado de cabeça para baixo, a estrutura onde os passageiros estavam acomodados permaneceu íntegra.
- O fato de a asa ter sido arrancada. Isso atenuou os danos porque o combustível vazou de uma vez, em vez de vazar lentamente e espalhar o incêndio.
- O uso de assentos 16G, que resistem a uma desaceleração de 16 vezes a gravidade, minimizando os danos causados durante a desaceleração e evitando o deslocamento dos assentos
O que pode ter feito o avião ter ficado de cabeça para baixo?
Para Pamplona, o que pode ter influenciado no acidente foi que o toque na pista foi acima da razão de descida, que é uma medida utilizada pelos pilotos para calcular a diminuição da altitude de uma aeronave por tempo. Esse toque inicial na pista teria sido excessivo em somente um trem de pouso, o que levou ao colapso da estrutura e à quebra da asa.
“Se fosse um toque com os trens alinhados na pista, provavelmente não teria havido um problema. Ele teria quicado, é o que a gente chama de ‘bouncing landing’. Nele, o avião quica, sobe um pouco e pousa novamente ou faz uma nova aproximação. Então, provavelmente é o que aconteceria. Mas se ele tocar de lado, se houver um esforço lateral no trem de pouso, a tendência desse trem de pouso é se romper em função da resistência ser muito menor do que quando há um toque alinhado na pista”, aponta.
Apesar de ser incomum que aviões fiquem ‘de cabeça para baixo’, o ‘bouncing landing’ é uma das causas mais prováveis para esse tipo de acidente. “Alguns aviões têm a tendência de ao baterem forte no chão, de quicarem, ricochetearem e subirem. E, eventualmente, nesse retorno ao solo pode haver uma perda de sustentação em uma das asas e ele pender para um lado e aí virar de cabeça para baixo. Realmente eh não é um evento comum no pouso haver esse tipo de situação”, esclarece o piloto.