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Economia alemã encolhe pelo segundo ano consecutivo e acende alerta para 2025

Exportações, tradicional alicerce da economia alemã, “diminuíram apesar do aumento no comércio global”; tendência é que economia continue retraindo em 2025

A economia alemã, a maior da zona do euro, contraiu pelo segundo ano consecutivo em 2024, agravando a crise em seu modelo industrial e exportador. Os dados foram divulgados na quarta-feira (15) pelo instituto Destatis, a poucas semanas das eleições legislativas antecipadas, marcadas para 23 de fevereiro.

De acordo com a primeira estimativa, o Produto Interno Bruto (PIB) alemão recuou 0,2% em 2024. O resultado sucede uma retração de 0,3% em 2023, reflexo do impacto econômico do aumento nos custos de energia desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

No último trimestre do ano, o PIB caiu 0,1% em relação ao trimestre anterior, consolidando o cenário de desaceleração. Segundo Ruth Brand, presidente do Destatis, as exportações, tradicional alicerce da economia alemã, “diminuíram apesar do aumento no comércio global”.

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Brand destacou que a economia enfrentou “pressões cíclicas e estruturais”, incluindo maior competição em mercados-chave, altos custos de energia, taxas de juros elevadas e incertezas econômicas.

No setor automotivo, que há anos é símbolo do poderio econômico do país, grandes grupos alemães perderam terreno para concorrentes chineses. No consumo interno, a situação também não trouxe alívio. “Mesmo com aumento da renda, as famílias evitaram compras diante da incerteza econômica”, apontou o Destatis.

Déficit sob controle, mas recuperação distante

Apesar da retração econômica, o déficit público alemão manteve-se em 2,6% do PIB em 2024, inferior à média da União Europeia, estimada em 3,1%. No entanto, as previsões para 2025 seguem desanimadoras.

“Tudo indica que 2025 será o terceiro ano consecutivo de recessão”, afirmou Jens-Oliver Niklasch, do banco LBBW. O banco central alemão revisou a projeção de crescimento para 2025 de 1,1% para apenas 0,2%, em dezembro.

Além disso, a ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de implementar tarifas alfandegárias elevadas sobre importações preocupa Berlim, que vê riscos ao seu comércio externo.

Cenário eleitoral conturbado

A crise econômica aumenta a pressão sobre o governo que assumirá após as eleições legislativas, convocadas antecipadamente após o colapso da coalizão liderada pelo chanceler Olaf Scholz.

Pesquisas recentes indicam que o bloco conservador CDU/CSU lidera a corrida eleitoral, com cerca de 30% das intenções de voto. Já o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) aparece em segundo lugar, com 22%, enquanto os social-democratas de Scholz caíram para 16%.

O resultado do pleito será decisivo para o futuro da economia alemã, que enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua história recente.

*Com informações da AFP


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
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