O número de diabéticos cresceu de 198 milhões para 828 milhões entre 1990 e 2022, ou seja, cerca de quatro vezes nesse período. Conforme o estudo publicado no The Lancet, a obesidade está por trás do grande aumento. O novo dado, divulgado nesta semana, foi possível a partir de outras 1.108 pesquisas da população em 200 países.
“O aumento da prevalência do diabetes no Brasil e no mundo se justifica pelo aumento da obesidade, que é, geralmente, o fator predisponente para o surgimento do diabetes mellitus tipo 2”, diz o endocrinologista Simão Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein, à Agência Einstein. Para a especialista, a alimentação inadequada, o sedentarismo, além de aspectos genéticos, explicam a epidemia de obesidade e, em consequência, o aumento do diabetes.
Conforme o Ministério da Saúde, essa é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose(açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo.
O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.
Recorte social
O estudo revela que os maiores aumentos na prevalência da doença foram registrados nos países de baixa e média renda, inclusive no Brasil. Na outra ponta, países riscos e industrializados registraram queda.
Conforme o estudo, a Europa Ocidental concentra as menores taxas da doença, ao passo que as mais altas estão em países do Caribe, Oriente Médio e norte da África. Atualmente, 445 milhões de adultos não recebem tratamento — um número 3,5 vezes maior do que em 1990.
“Populações que têm maior acesso à educação têm mais acesso ao conhecimento a respeito das causas da doença e sobre as possibilidades de prevenção”, analisa o médico. Segundo ele, a questão econômica também influencia, já que populações com mais dinheiro têm maior possibilidade de escolha.
Fatores de risco
Além dos fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis, existem outros fatores de risco que pode contribuir para o desenvolvimento do diabetes.
- Diagnóstico de pré-diabetes;
- Pressão alta;
- Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
- Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;
- Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes;
- Doenças renais crônicas;
- Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;
- Diabetes gestacional;
- Síndrome de ovários policísticos;
- Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar;
- Apneia do sono;
- Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
Como prevenir
Por outro lado, medidas de prevenção adequadas poderiam ajudar a evitar muitos casos de diabetes.
“Em primeiro lugar, através de campanhas populacionais de promoção da qualidade de estilo de vida, estimulando alimentação saudável e atividade física. Em segundo, identificando e tratando adequadamente os indivíduos com obesidade”, diz o médico.
*com informações de Agência Einstein