O ex-namorado da atleta de Uganda Rebecca Cheptegei, suspeito de matá-la após atear fogo em seu corpo, morreu nesta terça-feira (10) pelo jornal The Star, do Quênia, país onde aconteceu o crime.
Dickson Ndiema estava internado em um hospital queniano devido às queimaduras que sofreu durante o ataque que matou a ex-companheira. Apenas alguns dias após competir na Olimpíada de Paris 2024, a atleta, de 33 anos, teve 80% do seu corpo queimado pelo homem.
A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei morreu na última quinta-feira (5), quatro dias depois que o suspeito invadiu sua casa e colocou fogo em seu corpo. Segundo Kimani Mbugua, diretor da UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH) na cidade de Eldoret, no Quênia, a atleta morreu devido à falência múltiplos dos órgãos.
“Os ferimentos cobriam a maior parte de seu corpo. Isso levou à falência de múltiplos órgãos. Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso. Considerando a idade e as queimaduras em mais de 80% do corpo que ela sofreu, a esperança de recuperação era pequena”, disse ele.
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Segundo o boletim de ocorrência, o suspeito, identificado como Dickson Ndiema Marangach, invadiu no domingo (1º) a propriedade de Rebecca Cheptegei, quando ela estava na igreja com as filhas. Ela vivia com sua irmã e duas filhas em uma casa construída na localidade de Endebess, no Quênia, a 25 km da fronteira com Uganda, segundo o seu pai, Joseph Cheptegei.
Quando retornaram da igreja, o suspeito jogou gasolina no corpo da atleta e ateou fogo na frente das filhas, de 9 e 11 anos, segundo o jornal “The Standard”. Conforme o boletim policial Rebecca Cheptegei e Dickson Ndiema Marangach eram “um casal que constantemente tinha discussões familiares”.
Os dirigentes do atletismo e ativistas dos direitos das mulheres condenaram o assassinato. O presidente do Comitê Olímpico de Uganda, Donald Rukare, denunciou em uma mensagem na rede X (antigo Twitter) “um ato covarde e sem sentido que provocou a perda de uma grande atleta”. “Condenamos de modo veemente a violência contra as mulheres”, afirmou.
A confederação de atletismo do Quênia, a ‘Athletics Kenya’, afirmou que “a morte prematura e trágica é uma perda profunda” e exigiu “o fim da violência de gênero”.
Homenagens
O Comitê Olímpico do Quênia prestou suas condolências à maratonista pelas redes sociais.
“Em nome do Time Quênia estendemos nossas mais profundas condolências à comunidade esportiva de Uganda, à família e aos amigos de Rebecca Cheptegei. O talento e a perseverança de Rebecca como recordista da Maratona Feminina de Uganda e atleta olímpica de Paris 2024 serão sempre lembrados e celebrados. Sua morte prematura e trágica é uma perda profunda. Nossos pensamentos e orações estão com vocês durante este momento difícil, enquanto honramos seu legado e defendemos o fim da violência de gênero. Que sua alma descanse em paz”, disse o comunicado.
Autoridades do país de origem da atleta também se pronunciaram.
“Acabei de receber notícias perturbadoras sobre a trágica morte da atleta ugandense Rebecca Cheptegei esta manhã no Quênia. As autoridades quenianas estão investigando as circunstâncias em que ela morreu e um relatório e programa mais detalhados serão fornecidos no devido tempo. O corredor de longa distância nos representou nas Olimpíadas de Paris 2024, recentemente concluídas. Envio minhas mais profundas condolências à família, parentes, fraternidade esportiva e ugandenses em geral”, escreveu Peter Ogwang, ministro do esporte da Uganda.
“A notícia da trágica morte de nossa filha, Rebecca Cheptegei, devido à violência doméstica, é profundamente perturbadora. Minhas sinceras condolências à comunidade do atletismo, sua família, amigos e toda a nação pela perda de nossa atleta olímpica. Que sua família encontre forças para lidar com esta perda e que sua alma descanse em paz eterna”, disse a primeira dama ugandense.
“Nosso esporte perdeu uma atleta talentosa nas circunstâncias mais trágicas e impensáveis. Rebecca era uma corredora incrivelmente versátil que ainda tinha muito a oferecer nas estradas, montanhas e trilhas de cross country. Tenho mantido contato com nossos membros do Conselho na África para ver como podemos ajudar a avaliar como nossas políticas de proteção podem ser aprimoradas para incluir abusos fora do esporte e reunir partes interessadas de todas as áreas do atletismo para unir forças para proteger nossas atletas femininas da melhor maneira possível contra abusos de todos os tipos”, disse o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Sebastian Coe.