A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, fugiu nesta segunda-feira (5) do país que governou durante 15 anos e os militares anunciaram um “governo provisório”, após mais de um mês de protestos violentos que deixaram pelo menos 300 mortos nesta nação do sul da Ásia.
Hasina, 76 anos, chamada de Dama de Ferro, tentou sufocar as grandes manifestações que sacudiam o país desde o início de julho, mas foi obrigada fugir após um dia de distúrbios que deixou quase 100 mortos no domingo.
Em uma mensagem à nação exibida pela televisão estatal, o comandante do Exército, general Waker-Uz-Zaman, declarou que Hasina renunciou e que os militares formarão um “governo provisório”.
“O país sofreu muito, a economia foi afetada, muitas pessoas morreram, é o momento de acabar com a violência”, disse Waker. “Espero que a situação melhore depois do meu discurso”, acrescentou.
Hasina, que conquistou um quarto mandato em janeiro, após eleições que não contaram com uma oposição real, fugiu do país de helicóptero, informou uma fonte próxima à líder política à AFP.
Pouco depois, centenas de manifestantes invadiram sua residência oficial em Daca, a capital do país. A fonte, falou na condição de anonimato, informou que em um primeiro momento Hasina tentou sair do local em um veículo.
Milhares de pessoas exibiram bandeiras e algumas subiram em um tanque nesta segunda-feira, após mais de um mês de protestos violentos neste país muçulmano de 171 milhões de habitantes.
As manifestações começaram em julho, após a reintrodução de um sistema de cotas que reservava mais da metade dos empregos públicos para determinados grupos.
Ao menos 300 pessoas morreram desde o início das mobilizações, em 1º de julho, segundo uma contagem da AFP baseada em informações divulgadas pela polícia, autoridades e médicos em hospitais.