O ex-atacante Reinaldo, maior artilheiro do Atlético, se emocionou nesta terça-feira (2) ao relatar à Comissão de Anistia episódios de perseguição sofridos durante a ditadura militar.
Em depoimento, Reinaldo disse que o simples gesto do punho cerrado - marca de suas comemorações e inspirado nos Panteras Negras - foi suficiente para transformá-lo em alvo do regime. “O gesto foi o bastante para acionar uma campanha gigantesca de difamação contra mim”, afirmou. Ele relatou que boatos sem fundamento eram espalhados para “destruir minha reputação, me associando a comportamentos desviantes e a ideias perigosas”.
O ex-jogador destacou que, anos depois, documentos revelados mostraram o alcance da vigilância. “Os documentos que vieram à tona mostraram uma rede enorme de monitoramento do regime militar. Agentes do Estado, disfarçados ou não, me seguiam, observavam e anotavam cada passo que eu dava”, disse. “Minha vida privada virou um palco, um escrutínio. Eu sentia que não podia frequentar certos lugares, nem conversar com determinadas pessoas. A sensação de estar sempre sob a mira do Estado era constante.”
Segundo Reinaldo, esse ambiente afetou profundamente sua liberdade e bem-estar. “Isso gerou um medo, uma insegurança que tirava minha liberdade mais profunda, me fazendo sentir preso, mesmo estando solto”, relatou. Ele afirmou que as campanhas de difamação e a vigilância sistemática tiveram efeitos diretos em sua carreira profissional, incluindo a perda de oportunidades e convocações importantes, como a para Copa de 1982.