Atual CEO da SAF do Cruzeiro, Alexandre Mattos relembrou de sua breve passagem, de cerca de três meses, no mesmo cargo no Vasco. O clube ainda estava sob a tutela da 777 Partners, detentora na época de 70% da SAF cruzmaltina.
Desde a chegada do diretor ao clube, o desgaste entre as partes foi explícito. Segundo o dirigente, ele não conseguiu trabalhar da maneira que lhe foi prometido.
“Sou um cara de longos projetos, lá eu confrontava, tanto que minha relação durou pouco. Não consegui nem montar uma equipe de trabalho. Eu não consegui ser eu, não consegui ter liberdade. Tem coisas ali que eu sabia que não ia de acordo com o que o torcedor queria. A comunicação foi mal feita em todos os sentidos. Eu tentei. Lembrar de uma entrevista que eu dei? Ali rompeu tudo. Tinha que explicar transparente o que está sendo feito, se não a torcida imagina uma coisa e a gente imagina outra”, disparou no Charla Podcast.
Mattos ainda comentou que sempre quis ter uma relação mais próxima com Pedrinho, atual presidente do clube, mas a empresa norte-americana não autorizava.
“Perguntei várias vezes o propósito: fazer dinheiro? Ganhar título? Nunca me foi dito. O meu defeito foi eu não ter alinhado tudo no início. Me passaram um baita de um projeto, eu queria trabalhar no Rio, foi muito rápido. Não deu certo, as reuniões que eu tinha eram sempre no confronto: “Quer fazer? Vamos fazer, mas não vai dar certo”. Tinha uma frase famosa sobre o Flamengo (Josh Wander, em março de 2022: “Vai ser a última vez na história que o Vasco vai jogar contra o Flamengo com desvantagem no orçamento”). Eu falava que tinha que derrubar isso, porque não é isso que está acontecendo: “Ah, mas vai acontecer a longo prazo”. A torcida do Vasco não suporta isso”, lamentou.
Logo após a saída do dirigente, o clube associativo, através de Pedrinho, conseguiu na Justiça o afastamento da 777 Partners da sociedade, por não ter cumprido com o que estava em contrato. As informações são mantidas em sigilo pelas partes.
Apesar do curto período, Mattos fez questão de ressaltar o Vasco e sua torcida.
“Foi curto, mas foi ótimo, porque comprovei que é um time gigantesco e tem uma torcida espetacular. Não deveria ter passado nem um décimo do que passou nos últimos anos. O que aconteceu no Vasco é que eu não consegui trabalhar, não da maneira que eu fui comunicado que seria. Se não, eu não teria nem ido. Muitas coisas que aconteceram não tinham minha aprovação, o chefe falava "é isso que a gente quer” e isso acontece. Quando fui contratado me disseram que precisavam da minha experiência, porque estavam chegando no mercado sul-americano. A totalidade da 777 ficava na Europa, mas o futebol brasileiro tem uma particularidade”, disse.