O Palmeiras enviou um novo ofício à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) alertando a entidade e questionando a tentativa do Governo de Minas Gerais, noticiada pela Itatiaia, de derrubar a determinação para que o jogo desta quarta-feira (4) seja realizado com portões fechados, sem a presença de torcedores no Mineirão.
O Governo e o Ministério Público de Minas Gerais entraram com uma Ação Civil Pública Cível nesta segunda-feira (2), na 11ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, contra a CBF, na qual solicitam a liberação de público na partida entre Cruzeiro e Palmeiras.
O clube paulista cita os artigos 140 e 141 do Regulamento Geral de Competições (RGC), que podem ocasionar penalizações ao Cruzeiro em caso de uma decisão favorável da Justiça Comum ao Governo de MG.
No documento, o Palmeiras também menciona o artigo 217 da Constituição Federal, que diz o seguinte: “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.
O Cruzeiro pode ser punido com advertência, perda de pontos e multa de até 500 mil caso seja indiretamente beneficiado pela petição contra a CBF. O clube celeste também pode ser denunciado pela procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
- Cruzeiro x Palmeiras: processo muda de juiz e não tem previsão para ser julgado
- Membros da Mancha Alviverde são presos por emboscada contra Máfia Azul
Artigo 140: “Os clubes que tenham concordado em participar de quaisquer das competições reconhecem a Justiça Desportiva como instância própria para resolver questões envolvendo disciplina e competições desportivas, nos termos do artigo da Constituição Federal, sendo vedado, por imposição dos Estatutos da Fifa, recursos e medidas nos Tribunais Ordinários”.
Artigo 141: “Os clubes participantes das competições nacionais, regionais e estaduais obrigam-se e comprometem-se a impedir ou a desautorizar por escrito que terceiros, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, façam uso de procedimentos extrajudiciais ou judiciais para defender ou postular direitos ou interesses próprios ou privativos dos Clubes, em matéria ou ação que envolva a CBF ou tenha reflexos sobre a organização e o funcionamento da CBF ou das competições por esta organizadas ou autorizadas, renunciando expressamente a qualquer benefício que tais procedimentos possam lhes conferir”.
Palmeiras entende que não pode ser punido
O Palmeiras avalia como “inaceitável” a possibilidade de ser punido esportivamente pelo crime cometido por integrantes da Mancha Alviverde, uniformizada da equipe paulista, que organizaram uma emboscada contra a Máfia Azul, da Raposa, no fim de outubro.
Um torcedor celeste acabou morto no episódio ocorrido em Mairiporã, no interior do estado de São Paulo, e as entidades de segurança temem o reencontro entre as torcidas.
Além disso, o clube alviverde vê como imprescindível que seja garantida a isonomia do campeonato. No jogo válido pelo primeiro turno do Brasileirão, o Cruzeiro pôde ter torcida no Allianz Parque.
O Verdão também sugeriu à CBF que a partida do segundo turno fosse realizada em outro local, a fim de garantir a presença de torcedores dos dois times.
Clube é rompido com a Mancha
A gestão da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, não tem relação com a torcida Mancha Alviverde. O rompimento em definitivo aconteceu em 2022, no início da gestão da mandatária.
Desde então, as partes têm relação conflituosa. A Justiça de São Paulo concedeu até medida protetiva para Leila contra três líderes da organizada. Isso ocorreu após ela sofrer ameaças graves durante uma live da uniformizada, que filmou protesto em frente à sede da Crefisa.
Anteriormente, a Mancha foi uma das aliadas quando Leila pavimentava caminho para ser candidata à presidência do Palmeiras. Até 2022, a Crefisa, patrocinadora máster do Verdão e empresa da presidente, apoiava os desfiles da escola de samba da organizada no Carnaval.