Perguntado pela Itatiaia durante a entrevista coletiva pós-jogo com o Bahia na Libertadores, o técnico Roger Machado falou sobre o caso de racismo em Inter x Sport, pelo Campeonato Brasileiro Feminino, ocorrido na última segunda-feira (31). O treinador enfatizou que é preciso seguir no combate contra este tipo de preconceito, sempre recorrente no Brasil e no mundo.
‘Tem que seguir educando e responsabilizando quem têm esses atos. Não são 400 anos desse tipo de atitude que vão ser resolvidos em pouco tempo. O caminho tem sido feito, ele é árduo, a luta é diária. A gente segue lutando, apontado, já tem mecanismo para punir e apurar. Eu acredito muito no processo educativo, mas eu preciso também responsabilizar e curir aqueles que o fazem. E é uma responsabilidade de todos’, declarou.
Em seguida, Roger Machado deu seu relato sobre o racismo em âmbito futebolístico e continuou falando sobre o caso.
‘O futebol, para mim, ele é muito representativo do extrato do que nós somos como sociedade. Amplificada pelas emoções, a flor da pele, que não justificariam nada, mas, infelizmente isso é o que realmente acontece. Vamos todos nos responsabilizar e trabalhar no dia a dia para que isso não deixe de acontecer’, explicou.
Roger Machado fechou sua fala com uma frase impactante:
‘A gente precisa entender que no dia em que ninguém mais for ofendido, o racismo não acabou’.
Relembre o caso
O Inter foi punido pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na terça-feira (1), em decorrência do ato de racismo que aconteceu no empate do time contra o Sport pelo Brasileirão Feminino. Durante a partida de segunda-feira (31), uma jogadora da base colorada que estava presente como torcedora no Estádio do Sesc, em Porto Alegre,
As jogadoras do Sport, ao perceberem a situação, entregaram imediatamente a parte do alimento à
A Procuradoria de Justiça Desportiva emitiu um ofício solicitando ao presidente do STJD, de imediato, a perda de três mandos de campo por parte do Inter. Em seguida, a liminar foi aplicada.
Comunicado da CBF sobre a punição do Inter na íntegra
''Com rapidez, o STJD aceitou liminar da Procuradoria de Justiça Desportiva do tribunal para punir o Internacional por ato de conotação racista ocorrido durante partida disputada nessa segunda-feira (31) contra o Sport, no Sesc Campestre, em Porto Alegre, válida pela terceira rodada do Brasileirão Feminino. O clube gaúcho jogará, como mandante, com portões fechados na competição até que haja o julgamento do colegiado do STJD.
A decisão foi tomada pouco mais de 12 horas depois do ato de agressão, que se deu no final do jogo, quando uma banana foi arremessada contra o banco de reservas do Sport, logo após o clube pernambucano fazer um gol.
‘O futebol brasileiro agiu rápido no combate ao racismo. Em pouco mais de 12 horas, a Justiça Desportiva já proferiu uma decisão dura, colocando o Internacional para jogar com portões fechados até o que o caso seja julgado. Em casos de racismo a CBF sempre se antecipa e vai propor punições preventivas contra os racistas. Desta vez não foi diferente’, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
A celeridade da decisão do STJD está alinhada com as medidas adotadas pela CBF, notadamente nos últimos dois anos, de combate ao racismo no futebol com punições esportivas aos responsáveis.
Duas horas depois do ocorrido, a CBF emitiu nota oficial não só condenando o ato, como pedindo uma punição rigorosa aos responsáveis. A Procuradoria do STJD concordou no mesmo dia com o gesto da CBF e enviou o caso à presidência do Tribunal, por meio de liminar, sinalizando pela punição preventiva ao Internacional, o que foi decidido no início da tarde desta terça-feira (1).
A presidência da CBF conta com o suporte de uma Unidade de combate ao racismo que fica em alerta na entidade para notificar casos de preconceito nas partidas organizadas pela entidade. Na noite de segunda-feira, eles atuaram prontamente após o ocorrido, notificando o gabinete da presidência.
Cabe ressaltar que a jurisprudência do STJD prevê a punição aos clubes a que se vinculam torcedores que pratiquem atos de cunho discriminatório’’.
Nota de repúdio do Sport
‘O Sport Club do Recife vem a público repudiar, veementemente, a atitude covarde e racista de um torcedor do Sport Club Internacional, que arremessou uma banana em direção ao banco de reservas rubro-negro durante a partida do Campeonato Brasileiro Feminino, nesta segunda-feira (31), em Porto Alegre.
Esse ato repugnante é uma clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune. O Sport Club do Recife não tolera qualquer forma de discriminação ou preconceito e exige a punição exemplar do responsável.
Imediatamente após o lamentável episódio, o diretor de futebol feminino do Clube, Alessandro Rodrigues, dirigiu-se à delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência e aguarda os desdobramentos do caso, incluindo a responsabilização do envolvido.
É inaceitável que, em pleno 2025, ainda sejamos confrontados com episódios como esse. O futebol deve ser um espaço de respeito, inclusão e diversidade — nunca de ódio e intolerância.
O Sport Club do Recife prestará total apoio às jogadoras e à comissão técnica que foram alvo desse ato racista e reafirma seu compromisso inabalável na luta contra qualquer forma de discriminação’.
Nota do Inter
‘O Sport Club Internacional informa que, diante da gravidade dos fatos ocorridos na tarde desta segunda-feira (31/03), durante o jogo contra o Sport, pelo Brasileirão Feminino, conduziu uma apuração rigorosa que levou à identificação da pessoa envolvida e está tomando todas as medidas cabíveis. O Clube do Povo solicitou, com urgência, as imagens ao local da partida para encaminhá-las aos órgãos competentes, a fim de contribuir com a apuração.
A Instituição reitera seu repúdio veemente a qualquer ato discriminatório e reafirma seu compromisso inegociável na luta contra todas as formas de preconceito, mantendo-se firme na promoção de um ambiente de respeito e igualdade dentro e fora de campo.
O Sport Club Internacional se solidariza com a equipe do Sport Recife, colocando-se ao seu lado na busca pela apuração dos fatos e no combate à discriminação. O futebol deve ser um exemplo de inclusão e respeito, dentro e fora das quatro linhas’.