Pouco conhecido no futebol brasileiro, o ex-volante Emerson fez toda sua carreira no futebol europeu e quebrou vários paradigmas por lá. Ele foi o primeiro jogador brasileiro a jogar no tradicional Ranges, da Escócia, e viveu de perto a rivalidade contra o Celtic, que ultrapassa o campo e bola.
Neste domingo (2), às 11h (de Brasília), acontece em Glasgow o maior clássico do futebol escocês e uma das maiores rivalidades de todo território europeu. Pela semifinal da Copa da Liga Escocesa, Celtic e Rangers medem forças por uma vaga na final.
Emerson fez 16 partidas por lá e entrou em campo no ‘Old Firm’ (velha firma em tradução literal). Ele contou como era difícil jogar estas partidas ainda mais na década de 90 e revelou um detalhe interessante sobre os horários dos jogos lá em Glasgow.
“Lá foi um dos melhores momentos da minha vida. Viver aquela cultura. Os clássicos eram jogados de manhã pra não correr risco do pessoal ficar bebendo o dia todo (risos). De vez em quando dou uma passadinha lá, vou lá na cidade lá, apesar que é frio pra caramba. Adoro o lugar. Pessoal me reconhece, é satisfatório para mim ter feito história de ser o primeiro brasileiro a jogar lá. É um campeonato muito difícil também, mais pegado do que na Inglaterra porque são menos talentosos. Mas o clássico de Glasgow com certeza te traz uma emoção diferente”, contou em entrevista exclusiva à Itatiaia.
Celtic e Rangers dominam o futebol da Escócia. Atualmente, ambos possuem 55 títulos conquistados, quem vencer a atual temporada se isola na ponta. No entanto, o Hearts é a grande surpresa e vai liderar a Premiership escocesa.
Na Copa da Liga Escocesa, o Rangers soma 28 taças contra 22 do Celtic. Na Copa da Escócia, o Celtic tem 42, enquanto ex-time de Emerson tem 34 taças.
Entenda a rivalidade
A rivalidade entre Rangers e Celtic, conhecida como “Old Firm”, é profundamente enraizada em questões religiosas e culturais na Escócia, refletindo o conflito histórico entre católicos e protestantes. O Celtic foi estabelecido para a comunidade católica irlandesa, enquanto o Rangers se tornou o clube protestante.
Essa polarização, agravada pela imigração irlandesa no século XIX, transformou o clássico em uma poderosa expressão de identidades, carregada de tensões políticas e sectárias.
Em grandes da Europa
Além de desbravar o futebol da Escócia, Emerson teve passagens por gigantes do futebol europeu como Porto-POR e Atlético de Madrid-ESP. Ele também se tornou um dos ídolos do Middlesbrough-ING atuando ao lado de nomes como Branco e Juninho Paulista.
Sua passagem especialmente na Premier League durou duas temporadas, mas foi inesquecível. Foram 79 jogos com 11 gols marcados e oito assistências. Números impressionantes para um volante. Ele lembra com carinho e destaca as diferenças do futebol inglês na década de 90 atualmente.
“Já são29 anos, né? Então quer dizer, a diferença realmente é muito grande. Joguei lá quando abriu o mercado europeu, com a entrada de mais jogadores da União Europeia. Os portugueses já poderiam jogar lá e tenho nacionalidade. Isso começou a melhorar a Premier League nessa época. Mas agora com o investimento, com o poderio financeiro, a diferença para as outras ligas é imensa, algo que não existia na minha época. Era mais competitividade, mais duro o jogo. Na minha época ainda disputava com a Itália, mas estava se transformando na primeira liga. Agora não, agora com certeza é a primeira liga do mundo. A evolução é gigantesca”, relembrou.
Geração brasileira na Premier League
Conhecedor da Premier League, Emerson também deu seu palpite para a geração brasileira que está chegando por lá. Inclusive elogiou Estêvão, que está começando a se destacar com a camisa do Chelsea-ING.
“Sempre falo, o grande jogador sempre vai ser um grande jogador. Quem pode ser o grande exemplo para o Estêvão é o Juninho Paulista, que é meu padrinho de casamento. Ele sempre foi pequenininho. Diziam ‘não vai dar bom’. Ainda mais na época que o futebol inglês era um pouco mais rígido. Agora tem craque para caramba, entendeu? Então Estêvão, João Pedro, até o Matheus Cunha, são jogadores que estão representando o nosso nome lá, o nome do Brasil, e estão indo bem. Sei que vão arrebentar lá porque são grandes jogadores”, analisou.
A carreira
Emerson começou no Coritiba e logo se transferiu para o futebol europeu. Em Portugal, defendeu o Belenenses até chegar ao Porto. No gigante português foi destaque e negociado com o Middlesbrough.
A boa passagem na Inglaterra levou o volante para Espanha defender Tenerife, Deportivo e Atlético de Madrid. Seguiu para o Rangers e teve uma breve passagem no Vasco.
Emerson ainda Xanthi e AEK, ambos da Grécia, e o Apoel, do Chipre, encerrando em 2008 com a camisa do Madureira.