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Fortaleza vai pedir a interdição da Arena de Pernambuco, informa presidente

Alex Santiago comparou a terrorismo o ataque sofrido pelo ônibus da delegação na madrugada desta quinta-feira (22), após empate contra o Sport

Imagens do ônibus do Fortaleza após ataque mostram tecido manchado de sangue

A direção do Fortaleza apresentará uma notícia de infração ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), informou o presidente Alex Santiago. Ele ocupa o cargo desde o fim de 2023, depois que Marcelo Paz renunciou para assumir como CEO da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube.

O Fortaleza vai solicitar a interdição da Arena de Pernambuco, na região metropolitana do Recife, onde o Leão empatou com o Sport por 1 a 1, na noite desta quarta-feira (21), pela Copa do Nordeste. Foi indo da arena para o hotel que o ônibus da delegação foi atacado por torcedores uniformizados do Sport, que atiraram uma bomba e pedras e feriram seis jogadores.

“Não apenas relatando os atos gravíssimos havidos ontem, mas também solicitando a interdição da Arena em que ocorreu a partida [pela ausência de condições de acessibilidade ao estádio que garantam a segurança dos envolvidos na partida] e requerendo à Procuradoria do Tribunal a tomada das medidas mais duras que sejam cabíveis contra os responsáveis pela garantia da segurança do evento, bem como da incolumidade física da equipe adversária”, escreveu Alex Santiago em uma rede social.

O ataque

A delegação do Fortaleza desembarcou na manhã desta quinta-feira (22) no aeroporto Internacional Pinto Martins, na capital cearense, após o atentado sofrido durante a madrugada. O ônibus foi atacado com bomba e pedras por torcedores rivais quando deixava a Arena de Pernambuco, na região metropolitana do Recife, e seguia pela BR até o hotel.

Os seis jogadores que se feririam e foram hospitalizados viajaram com a delegação. João Ricardo, Dudu, Titi, Lucas Sasha e Britez tiveram escoriações. O lateral Gonzalo Escobar levou uma pancada na cabeça. No Hospital Português, no Recife, Escobar recebeu atendimentos na boca, cortada por cacos de vidro, além de ter sofrido um ferimento no supercílio. Por causa da pancada, o defensor argentino passou por uma tomografia.

A CBF soltou uma nota de repúdio, mas sem apresentar ideias do que pode fazer a respeito do caso e sem falar se aceitaria adiar jogos do Fortaleza. O time tem partida na próxima quinta-feira (29), contra o Fluminense-PI, em Teresina, pela primeira fase da Copa do Brasil.

A nota de Alex Santiago na íntegra:

“Ontem, as bombas e pedras não foram lançadas apenas contra o Fortaleza EC. Ontem, as bombas e pedras foram lançadas contra todos os que fazem profissionalmente o futebol no país (atletas, dirigentes, staff, torcedores e apoiadores), um futebol que diz querer evoluir, que diz querer saltar de patamar e tentar mirar o exemplo do futebol europeu, mas que ainda não consegue sequer dotar de segurança os profissionais envolvidos em um jogo de um campeonato profissional.

O que fizeram ontem, contra o Fortaleza EC, poderia ter tido consequências muito piores do que vários atletas feridos (como o que aconteceu). Ontem, poderíamos ter tido mortes de pessoas que saíram de casa, que deixaram os seus lares e suas famílias para a disputa de uma partida de futebol. Não foi uma mera agressão, foi ", um ato que pelo modus operandi utilizado, poderia ter sido enquadrado como ato terrorista, nos termos da Lei 13.260/2016.

Ontem, um dos clubes que é símbolo brasileiro de gestão desportiva dedicada e inovadora foi vítima daquele futebol brasileiro arcaico: o futebol em que se acha que o jogo é vencido hostilizando rivais e tratando adversários como inimigos.

O Fortaleza apresentará notícia de infração ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, não apenas relatando os atos gravíssimos havidos ontem, mas também solicitando a interdição da Arena em que ocorreu a partida (pela ausência de condições de acessibilidade ao Estádio que garantam a segurança dos envolvidos na partida) e requerendo à Procuradoria do Tribunal a tomada das medidas mais duras que sejam cabíveis contra os responsáveis pela garantia da segurança do evento, bem como da incolumidade física da equipe adversária.

Que a punição seja exemplar e seja um divisor de águas na tão sonhada modernização do nosso futebol. Não nos calaremos! A rivalidade pode ser vivida sem inimizade. Acredito no futebol como um esporte de cavalheiros, decidido dentro do campo, com muita paixão, mas com muito respeito ao adversário. Que o que ocorreu ontem, faça com que todos reflitam sobre quem será protegido ao final dessa história: o futebol brasileiro que quer dar certo ou o futebol brasileiro que nunca deu certo.”

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Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.

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