São apenas nove jogos dirigindo a equipe profissional, mas Filipe Luís deixou sua marca e entrará para a história como o técnico campeão da Copa do Brasil pelo Flamengo. A ascensão meteórica premia o profissional que preparava-se para este momento antes mesmo de pendurar as chuteiras, mas o treinador dividiu o mérito da conquista.
“Campeão com nove jogos, isso quer dizer que alguém me deixou com essa possibilidade. Quatro jogos da Copa do Brasil. E que quatro jogos! Mas os de antes também. Contra o Palmeiras foi super difícil. Esse grupo formou que levou o time ao troféu, muito bonito e especial pro clube”, afirmou Filipe Luís, que substituiu Tite em outubro.
O primeiro título de Filipe Luís como treinador profissional foi celebrado na Arena MRV, em Belo Horizonte, onde o Flamengo venceu o Galo por 1 a 0 neste domingo (10). Na ida, há uma semana no Maracanã, o time carioca havia vencido por 3 a 1.
Revelado pelo Figueirense e com carreira de destaque no futebol europeu e na Seleção Brasileira, antes de chegar ao Flamengo em 2019 e fazer história até 2023, Filipe Luís sempre mostrou interesse na parte tática do jogo ainda como atleta.
Assim, antes mesmo de encerrar a carreira, o ex-lateral-esquerdo já estava se preparando e realizando os cursos exigidos para tornar-se treinador. Um hábito que tinha era registrar todas atividades que participava sob comando de Jorge Jesus e Diego Simeone, por exemplo, duas de suas referências.
O duelo tático com Gabriel Milito
Na avaliação do confronto com o Atlético, Filipe Luís fez muitos elogios ao trabalho de Gabriel Milito. De acordo com o técnico rubro-negro, o argentino o surpreendeu na formação tática escolhida para o jogo em Belo Horizonte e o deu uma “dor de cabeça” na preparação.
“Hoje, o Milito demonstrou pro Brasil que três zagueiros não é defensivo, muito ofensivo. Quebrei a cabeça para enfrentar esse sistema, ficarmos com a bola. Veio num 3-5-2, esperava um 3-4-3, não nos encaixamos no primeiro tempo, e precisei de uma troca forte que segurei para o segundo tempo. Foi uma aula de jogo posicional, com saída da pressão, mas o time aguentou bem, correu mais do que podiam, estava do lado e vi a exaustão de todos, correram muito. Aguentamos o primeiro tempo, com a entrada do Bruno e Fábio, o time teve estabilidade. Pelo resultado a favor, não tiramos a bola deles e fomos leites e seguros defensivamente. Obviamente, enfrentei um treinador que me deu muito dor de cabeça”, explicou Filipe Luís.
“Minha dúvida essa semana não foi o Michael, foi o Fabrício Bruno. Sabia que o sistema do Milito ia utilizar, que vinha jogando, acabei optando por ter o time no 4-2-2 para atacar, para ser ofensivo e ganhar o jogo. Não viemos defender o resultado. Se eu tivesse começado com linha de três, não sei (se sofreríamos menos). É fácil falar depois, Michael fez um primeiro jogo incrível, Bruno também vem muito bem. Optei pelo Michael e o Bruno no segundo tempo, quando imaginei que a entrada dele ia potencializar o time. Tirar o Bruno, acho que cairia o nível. Não precisa nem falar que o Bruno é um cara tremendo e jogador gigante”, concluiu.
Campeão estadual no Sub-17
Ao aposentar-se, Filipe Luís foi convidado pelo clube para ser o técnico do Sub-17. A partir de janeiro, com uma comissão montada por ele mesmo, iniciou o trabalho com os garotos do Ninho.
Foram 13 jogos com 11 vitórias, e a trajetória do técnico na categoria foi encerrada com o título da Copa Rio, em cima do Vasco, em São Januário. O primeiro título como treinador de Filipe Luís.
Campeão mundial no Sub-20
O convite para Mario Jorge dirigir a seleção de base da Arábia Saudita abriu espaço para Filipe Luís assumir o Sub-20 rubro-negro em junho. No horizonte, já estava a decisão do Intercontinental.
Em agosto, no Maracanã, os garotos do Ninho, campeões da Libertadores Sub-20 no início do ano, venceram os campeões europeus Olympiacos, da Grécia, por 2 a 1 para levantar o título inédito.
Campeão da Copa do Brasil
Com desempenho questionado e pressionado pela torcida, Tite foi demitido pelo Flamengo em 3 de setembro, dias antes do início das semifinais da Copa do Brasil contra o Corinthians.
A aposta da diretoria foi em Filipe Luís, que contaria com o apoio da Nação na reta final de 2024. A mudança mostrou-se acertada, com o técnico recuperando a confiança e o futebol do time.
No mata-mata, o Flamengo de Filipe Luís fez bons jogos no Maracanã e venceu o Corinthians, por 1 a 0, e o Atlético, por 3 a 1. Fora de casa, empatou em São Paulo e venceu em Belo Horizonte.
Além das semifinais e finais da Copa, Filipe Luís comandou o Flamengo em cinco rodadas do Brasileirão até o momento, com três vitórias e um empate, mantendo o time no G4 da Série A.