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Os 10 desafios de Jardim pelo Cruzeiro no Brasileirão 2025

Técnico português tem sua primeira experiência no futebol brasileiro e vai estrear no Brasileirão neste sábado, no Mineirão

O Cruzeiro entra em campo para o seu primeiro jogo no Campeonato Brasileiro neste sábado (29), às 18h30 (de Brasília), contra o Mirassol, no Mineirão, em Belo Horizonte. Estreante na competição nacional, o técnico Leonardo Jardim vai precisar superar alguns desafios para alcançar os objetivos traçados pela diretoria celeste.

Gestor da Sociedade Anônima de Futebol (SAF), Pedro Lourenço espera que o Cruzeiro seja campeão ou ao menos alcance uma vaga na Copa Libertadores da América de 2026. Para isso, terá que terminar entre os seis primeiros colocados no Brasileirão.

A Itatiaia elencou dez desafios de Leonardo Jardim no Cruzeiro no Campeonato Brasileiro 2025.

Primeiro desafio: equilíbrio do time

Jardim vai precisar resolver um problema antigo no Cruzeiro: desequilíbrio entre defesa e ataque. Na última edição do Brasileiro, o Cruzeiro marcou 43 gols e sofreu 41, com apenas dois de saldo ao fim das 38 rodadas.

No início desta temporada, o Cruzeiro só não sofreu gols em uma partida. O time celeste passou ileso na vitória por 1 a 0 sobre o Tombense, no Mineirão, na primeira rodada do Campeonato Mineiro.

De lá para cá, o Cruzeiro realizou outros 12 jogos oficiais entre primeira fase e semifinal do Estadual. A equipe sofreu gols em todos esses compromissos.

No geral, o Cruzeiro sofreu 11 gols, média de 0,85 gol sofrido por partida. No quesito ofensivo, foram 13 gols marcados, média de um por jogo.

Segundo desafio: recuperar laterais

A chegada de Leonardo Jardim ao Cruzeiro acirrou a briga pela titularidade na lateral, principalmente no lado esquerdo.

Na ala direita, William deve seguir na condição de titular com Leonardo Jardim. Apesar de o treinador já ter avisado que vai fazer rodízio para poupar atletas pela intensa sequência de jogos na temporada, o camisa 12 é o mais cotado para se manter no 11 inicial.

A opção de Leonardo Jardim para o setor direito é o experiente Fagner, contratado neste ano junto ao Corinthians.

Na ala esquerda a história é diferente. A briga pela condição de titular ganhou um novo personagem: Lucas Villalba, agora concorrente de Marlon e Kaiki.

O argentino começou no 11 inicial no amistoso com o Red Bull Bragantino, no último sábado (22). Kaiki entrou no segundo tempo, e Marlon sequer foi acionado no último teste antes da estreia no Brasileirão.

Neste ano, Villalba tem seis jogos oficiais pelo Cruzeiro; Marlon fez sete, enquanto Kaiki atuou em dez oportunidades.

Terceiro desafio: encontrar o meio-campo ideal

O meio-campo é o setor com mais opções para o técnico Leonardo Jardim. O treinador terá que definir o quarteto ou o trio ideal, a depender da tática adotada.

São nove jogadores na luta por uma vaga na equipe: Walace, Lucas Romero, Matheus Henrique, Lucas Silva, Japa, Christian, Matheus Pereira, Eduardo e Rodriguinho.

Na posição de primeiro volante, a disputa está entre Walace e Lucas Romero. Matheus Henrique tem sido um dos destaques na temporada. A vaga de segundo volante tende a permanecer com ele, que também pode fazer um papel mais avançado, caso seja opção do treinador.

Na faixa mais adiantada do meio, Matheus Pereira foi titular até aqui, mas convive com a desconfiança do torcedor depois de declarações recentes e o pedido de saída do clube por questões pessoais.

Pereira teve, inclusive, negociação frustrada com o Zenit, da Rússia. Atualmente, tem sido poupado de viagens por conta da gravidez de sua esposa Talita. O filho do casal pode nascer a qualquer momento.

A formação com três peças no meio fica dessa forma: Walace (Romero), Matheus Henrique e Matheus Pereira. No ataque, Dudu, Kaio Jorge e Gabigol formariam o esquema 4-3-3.

Jardim pode optar por outro meia e/ou meia-atacante para formar o esquema 4-4-2. Dessa forma, escolheria entre Eduardo, Christian, Lucas Silva ou Rodriguinho.

Quarto desafio: resgatar Matheus Pereira

Leonardo Jardim conhece bem Matheus Pereira e pode ajudar a recuperar o futebol do camisa 10. Os dois trabalharam juntos no ano de 2021, no Al Hilal, da Arábia Saudita, e se reencontram no Cruzeiro.

Pereira passou a ser contestado pelo torcedor por declarações recentes, principalmente quando deixou claro que pediu para deixar o clube por questões pessoais.

O Cruzeiro aceitou uma proposta do Zenit-RUS por Matheus Pereira, antes do fechamento da janela de transferências no início desta temporada. Entretanto, o jogador rejeitou a oferta e decidiu permanecer.

No meio do ano, quando a janela de transferências será aberta na Europa, há a nova possibilidade de o meio-campista deixar o clube. Nesse caso, a diretoria teria que encontrar uma alternativa no mercado da bola.

Pedro Lourenço, gestor do Cruzeiro, disse recentemente que o clube está de olho em oportunidades. Portanto, o clube não descarta ir ao mercado casa haja necessidade.

“Contratações no futebol, a palavra ‘encerrou’ não pode existir. Se tiver alguma coisa daqui até quando parar o campeonato, estamos abertos a novos negócios”, garantiu Pedrinho, em entrevista nessa segunda-feira (24).

Quinto desafio: resolver o quebra-cabeça do ataque

Atualmente, o Cruzeiro conta com oito atacantes em seu elenco: Kaio Jorge, Gabigol, Dudu, Lautaro Díaz, Bolasie, Wanderson e Juan Dinenno (em fase final de recuperação de cirurgia no joelho direito).

O papel de Leonardo Jardim é encontrar a melhor formação ofensiva, no intuito de contar com um ataque dinâmico, rápido e agressivo.

Gabigol é o artilheiro celeste na temporada com cinco gols em sete partidas. Uma das contratações mais caras e impactantes do país, o jogador tende a ser titular. A disputa por outras vagas tem, hoje, Dudu e Kaio Jorge como os favoritos.

O desafio de Jardim é trabalhar a gestão do elenco. Há mais jogadores com características para atuar centralizados do que na ponta. Por isso, o treinador pediu a contratação de Wanderson. O atacante pode jogador tanto no lado esquerdo quanto no direito do ataque.

Sexto desafio: regularidade na temporada

Leonardo Jardim já deixou claro que vai rodar bastante o elenco. Esse rodízio ocorrerá por causa do calendário intenso e poucos intervalos entre um jogo e outro.

O trabalho do treinador com essa gestão de elenco poderá evitar lesões e desfalques no time, que terá pela frente, além do Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil.

“O meu plano é, devido ao respeito que eu tenho pelas equipas que trabalho e pelos jogadores, ter uma abordagem para cada jogo. Sempre uma abordagem positiva, com o objetivo de ter sucesso (...) Vamos querer entrar bem no campeonato, vamos querer fazer os pontos necessários na Sul-Americana. Por isso é que eu expliquei inicialmente. Nós precisamos de uma equipa fresca (descansada), mais do que 11 jogadores, porque não acredito (só) em 11 jogadores”, explicou.

“Vamos querer entrar bem no campeonato, vamos querer fazer os pontos necessários na Sul-Americana. Por isso é que eu expliquei inicialmente. Nós precisamos de uma equipa fresca (descansada), mais do que 11 jogadores, porque não acredito em 11 jogadores”, completou.

Sétimo desafio: força como mandante

O Cruzeiro estreia no Campeonato Brasileiro contra o Mirassol, equipe recém-promovida da Série B do Campeonato Brasileiro. Estreante na Série A, o adversário não tem tradição na Primeira Divisão Nacional. Por isso, o time celeste é o favorito. E terá que garantir esse favoritismo jogando em casa, neste sábado (29), às 18h30 (de Brasília).

Jardim terá a missão de ampliar os números da equipe como mandante no Brasileirão. Em 2024, o Cruzeiro somou 35 pontos em 19 jogos (aproveitamento de 61,4%).

Estatística bem melhor da apresentada em 2023. Há dois anos, o Cruzeiro somou apenas 20 pontos em 19 partidas como mandante (aproveitamento de 35,09%).

Para se ter ideia da importância de ser um bom mandante, no último título Brasileiro do Cruzeiro, em 2014. A equipe foi campeã com 80 pontos ao somar 24 vitórias, oito empates e seis derrotas. Dentre os triunfos, 15 foram conquistados na condição de mandante.

Oitavo desafio: ser um visitante ousado

Tão importante quanto vencer em casa é “beliscar” pontos longe de seus domínios. O Cruzeiro terá que superar suas campanhas recentes como visitante para angariar mais pontos na disputa nacional.

Em 2024, o time celeste somou 17 pontos fora de casa nas 19 partidas disputadas. A média é inferior a um ponto por jogo, o que prejudicou a equipe.

Em 2023, o Cruzeiro somou 47,3% de aproveitamento como mandante. O time somou sete vitórias, seis empates e seis derrotas, alcançando 27 pontos.

Até pelo investimento nesta temporada, a expectativa é que o rendimento do time seja melhor do que o das duas últimas temporadas.

Nono desafio: respaldo para trabalhar

Os bastidores do Cruzeiro na reta final de 2024 e no começo de 2025 foram agitados por assuntos diversos. Além do desempenho dentro de campo, ainda longe do esperado pelos investimentos, vários assuntos internos acabaram se tornando polêmica.

Áudios vazados, de críticas feitas pelo diretor da base Adilson Batista ao elenco principal; discussão de dirigente com jogadores em vestiário e exigências feitas por dirigente em relação à escalação de reforços foram temas polêmicos e que atrapalharam o ambiente.

Leonardo Jardim terá que superar todos esses problemas para ver o seu trabalho prosperar. Mais do que isso, terá que ter o respaldo da diretoria para ter sucesso.

Esse respaldo, ao que tudo indica, não falta. Como disse Pedro Lourenço em entrevista recente. “O Jardim está há 30 dias treinando. Vão começar as competições e eu deposito uma esperança enorme nele, trabalho diferente que ele está fazendo. Eu estou feliz, o pessoal está feliz”, garantiu.

Tanto fizeram mal esses problemas nos bastidores, que os trabalhos dos dois últimos técnicos foi afetado. Fernando Seabra, demitido para a chegada de Fernando Diniz. E a saída tumultuada do próprio Diniz, após permanência forçada no fim do ano passado.

Décimo desafio: atingir objetivos traçados pela diretoria

A diretoria do Cruzeiro estabeleceu metas para a sequência da temporada. A eliminação na semifinal do Campeonato Mineiro fez com que aumentasse a pressão por pelo menos um título neste ano.

Pedro Lourenço fez cobranças aos atletas após o time sair da disputa do Mineiro, e os jogadores ficaram com sentimento de dívida com o dono da SAF celeste.

O dirigente afirma que o clube vai brigar por pelo menos uma taça em 2025.

“Os jogadores pediram desculpa. Todos eles. Falaram que foi muito mal. Tive reunião com eles, e um falou: ‘tinha 15 anos no clube, nunca tive um tratamento que tive aqui’. Você não merece isso. Nós estamos devendo. Vamos dar volta por cima, ganhar título '. Estou confiante no grupo, trouxemos um técnico de alto padrão. Estou confiante nesse ano”, disse à TV Cruzeiro.

No Campeonato Brasileiro, Pedro Lourenço afirma que o objetivo do clube é pelo menos uma vaga na Copa Libertadores de 2026.

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Guilherme Piu é jornalista esportivo com experiência multiplataforma: digital, revista, rádio e TV. Tem dois livros publicados e foi premiado em festivais de cinema no Brasil e no exterior, dentre eles o Cinefoot. Cobriu grandes eventos, como Copa do Mundo, Olimpíada, Copa América e torneios de futebol. Passou por Hoje em Dia, Uol e Revista Placar.
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