Técnico português do Cruzeiro, Pepa condenou, nesta segunda-feira (22), os insultos racistas sofridos nesse domingo pelo atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, em jogo válido pelo Campeonato Espanhol. O treinador celeste revelou que também sofreu com racismo na vida.
“É pré-histórico, é uma vergonha, é uma vergonha, pré-histórico. Eu sou de cor, sou preto, sou de cor com muito orgulho. Passei por situações também na pele de racismo, de boca”, disse.
Ele foi questionado sobre o racismo contra Vini Jr em entrevista coletiva após a derrota do Cruzeiro para o Cuiabá por 1 a 0, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, pela sétima rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
“Mas o que tenho para dizer sobre isso, apesar de ser a milhares de quilômetros daqui, é vergonhoso, e é pré-histórico. Não se admite”, completou.
Racismo contra Vini Jr.
Vini Jr. foi alvo de insultos racistas na derrota do Real por 1 a 0 para o Valencia no Mestalla, em Valência, pela 35ª rodada do Espanhol. A partida foi paralisada aos 27 minutos da segunda etapa. O atacante começou a discutir com torcedores enquanto outros jogadores tentavam acalmar o brasileiro.
Foi possível ouvir os gritos de “Mono” (macaco, em espanhol) por parte da torcida do Valencia. O árbitro conversou com oficiais da organização da partida e o jogo foi interrompido.
O sistema de som do estádio anunciou a paralisação do duelo devido ao comportamento dos fãs do Valencia e pediu que a torcida desse fim às “manifestações racistas”. Houve um novo aviso até que, depois de cerca de oito minutos, a partida foi retomada, com Vini Jr em campo.
A partir das repetidas demonstrações racistas, o jogo ficou nervoso. Vini Jr. foi provocado pelo goleiro geórgio Giorgi Mamardashvili, que foi punido com o cartão amarelo. Os jogadores trocaram empurrões no campo.
No fim do confronto, porém, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso nos acréscimos.
O problema envolvendo a torcida espanhola não é novidade. Vinicius Júnior já foi vítima de inúmeros casos ao longo da sua trajetória pelo clube espanhol.
Vinícius responde
O jogador foi às redes sociais e desabafou. “Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas”.
“Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, completou.
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