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Coluna do Edu Panzi: de quem é a culpa?

Sem vitórias há quatro jogos no Brasileiro, Atlético voltou a perder nesse sábado (24), para o Fluminense

“O Atlético passa por uma crise desportiva”. A frase é forte, preocupa e foi repetida por treinador e jogadores do Galo após a derrota para o Fluminense, no Mineirão. Pior do que o resultado foi o desempenho coletivo e individual da equipe. Em momento algum o Atlético foi superior ou esboçou uma reação.

Tal comportamento tem se repetido nos últimos jogos, vencendo, empatando ou perdendo.

Mas de quem é a culpa?

Futebol é um esporte coletivo e nas vitórias, nos empates e derrotas, nos bons e maus desempenhos e nas crises desportivas e nas conquistas, todas as responsabilidades (para o bem ou para o mal) são e precisam ser compartilhadas. Futebol é um esporte coletivo. É soma!

Qual é a culpa do treinador se o Saravia perde a posse de uma bola dominada, bisonhamente, e entrega um gol ao San Lorenzo? Qual é a culpa do treinador se o Fuchs erra duas vezes no mesmo lance e entrega o gol ao Fluminense? Qual é a culpa do treinador se os jogadores formam um bolinho para reclamar com o árbitro e esquecem o Arias livre para marcar outro gol? Qual a culpa do treinador se o Criciúma faz um gol de bola parada em que os defensores do Galo parecem pinos de pinball? Qual a culpa do técnico nos inúmeros gols feitos, oriundos de chances criadas em jogadas coletivas, porém desperdiçados pelos atacantes em campo?

Qual a culpa do atleta se o adversário marca os alas e meia do Atlético e os zagueiros passam 60%, 70% do tempo “armando” o time? Qual a culpa do jogador se a linha defensiva tá muito alta e não há zagueiros rápidos no elenco para perseguirem os atacantes adversários na corrida? Qual a culpa do jogador se o adversário se fecha coletivamente e o Galo não mostra alternativas para atacar? Qual a culpa do jogador se ele é escalado numa função que não entrega 30% daquilo que é capaz? Qual a culpa do jogador se entre os zagueiros que iniciam a construção e os atacantes que recebem a bola de costas, não há meias infiltrando entre as linhas adversárias?

Qual a culpa de treinador e jogadores se não há energia nas cobranças internas? Qual a culpa do treinador e atletas se o campo de jogo não é o ideal para a prática de um bom futebol? Qual é a culpa do treinador, dos jogadores e do diretor de futebol se os donos do clube mantém um distanciamento exagerado dos funcionários?

Futebol é soma!

Se os donos não se aproximarem do grupo durante uma crise, se a direção de futebol não for enérgica nas cobranças durante uma crise, se o treinador não mostrar repertório tático e de gestão durante uma crise e se os atletas não entregarem o mínimo (concentração, intensidade, vontade, disciplina) durante uma crise, nada vai mudar e a crise desportiva tende a crescer.

Futebol é soma!

Quatro meses de trabalho ou 36 jogos não são e não podem ser suficientes para cravar a incompetência (ou a competência) de um treinador ou de um elenco e as últimas décadas de trocas a cada semestre já esfregaram na cara do Clube Atlético Mineiro que o “problema” não é tão simples assim para ser resolvido com uma troca aleatória de comando e/ou ideia. Mas uma crise desportiva em quatro meses de trabalho ou 36 jogos precisa ser o ponto de partida para um bom treinador mostrar que tem repertório tático e de gestão, para um bom elenco mostrar força mental, técnica e qualidade, para um bom diretor de futebol mostrar que tem comando e capacidade de cobrança e de indignação e para os donos mostrarem que estão por perto e que exigem o mínimo, já que entregam aos comandados tudo o que assinaram e pediram nos contratos. No futebol brasileiro não basta ser. É preciso parecer ser também!

Ao torcedor cabe cobrar sim, se indignar sim, mas também fazer o que fez no Mineirão quando estava perdendo por 2 a 0 e na Arena MRV, quando o 0 a 0 caminhava para a agonia dos pênaltis: apoiar, alentar, cantar, acreditar!

Futebol é soma e somente a soma de esforços pode fazer o Atlético superar a crise desportiva e consequentemente voltar a convencer e vencer adversários e competições.

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Edu Panzi é jornalista, radialista e faz parte do time de analistas de futebol da Rádio Itatiaia
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