Relatório elaborado pela Fifa aprovou o projeto da Arábia Saudita para ser sede da Copa do Mundo de 2034. Como única candidata, e com o documento tendo o aval da cúpula da entidade, os sauditas serão confirmados como anfitriões no Congresso extraordinário que será realizado online em 11 de dezembro, quarta da semana que vem.
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A nota final, somando todos os quesitos avaliados (estádios, cidades, hotéis, centros de treinamento, questões comerciais, financeiras e humanas) foi de 4,2, de um total de 5.
Um país com muito dinheiro como a Arábia Saudita não terá problemas em construir estádios ou cidades do zero, como aparece no projeto. Portanto, um ponto que preocupa o mundo do futebol são os direitos humanos.
Os sauditas têm leis questionadas por instituições ligadas aos direitos relacionados à liberdade individual de mulheres e sobre a diversidade, além da desconfiança internacional sobre como será a relação trabalhista com funcionários que se ocuparem dos projetos do Mundial.
Veja os estádios do projeto da Arábia Saudita para a Copa do Mundo de 2034
O relatório da Fifa dá uma classificação a cada quesito avaliado referente ao risco de o projeto apresentado falhar: risco baixo, risco médio e risco alto. No caso dos direitos humanos, os especialistas avaliaram como risco médio de haver problemas para a realização da Copa do Mundo de 2024.
Mas na conclusão apontaram que a competição pode ter impacto positivo na questão dos direitos humanos na Arábia Saudita.
“Em termos de direitos humanos, o empreendimento envolvido na implementação das várias medidas delineadas na Estratégia de Direitos Humanos, particularmente em certas áreas, pode envolver esforço e tempo significativos, dando origem a uma classificação de risco a esse respeito, que foi refletida na avaliação correspondente. No entanto, o trabalho considerável e o nível de concreto compromisso demonstrado pela candidatura e suas principais partes interessadas, juntamente com a taxa demonstrável de progresso e o horizonte de tempo de 10 anos, são fatores atenuantes a serem considerados, enquanto também há oportunidades significativas para a candidatura contribuir para impactos positivos mais amplos nos direitos humanos na Arábia Saudita sob o guarda-chuva da Visão 2030 do país”, concluiu o relatório da Fifa.
É o mesmo princípio usado para a Copa do Mundo do Qatar de 2022, o primeiro realizado no Oriente Médio e em um país que também têm leis que limitam diversidade, direito de liberdade às mulheres, entre outros aspectos culturais. Houve no Qatar duras críticas às condições dos trabalhadores na construção dos estádios e outra obras relacionados ao Mundial, o que a Fifa espera que não se repita na Arábia Saudita.
No início do trecho do relatório em que cita a questão dos direitos humanos, os profissionais da Fifa explicam que a inclusão do tema como critério para avaliar as propostas seguiu as recomendações do
relatório de abril de 2016 do Professor John G. Ruggie, um dos principais especialistas no tópico de direitos humanos e ex-representante especial do Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Trata-se de tomar decisões com base em evidências de quão efetivamente os licitantes pretendem abordar
os riscos de direitos humanos relacionados a um torneio. Não se trata de excluir peremptoriamente os países com base em seu contexto geral de direitos humanos . Portanto, a documentação enviada pelo licitante, juntamente com os compromissos concretos assumidos pelas partes interessadas relevantes, formam partes integrais de como a proposta é avaliada”, aponta o relatório da Fifa, como resposta aos críticos que pedem a exclusão da Arábia Saudita como candidata por causa dos questionamentos internacionais de como o país trata os direitos humanos.
Edições mais próximas
A próxima Copa do Mundo será a de 2026, pela primeira vez em três países: Estados Unidos, México e Canadá. Também será a primeira com 48 participantes, totalizando 104 jogos.
Em 2030, o Mundial será em Portugal, na Espanha e no Marrocos, em 20 estádios distribuídos por 18 cidades entre os três países. Mas há um detalhe: as três primeiras partidas serão na América do Sul, para comemorar o centenário das Copas, que começou em 1930, no Uruguai.
Haverá um confronto no estádio Centenário, em Montevidéu, capital uruguaia, outro no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, na Argentina, e o terceiro em Assunção, no Paraguai, em estádio a ser definido. Será em uma nova arena para 45 mil pessoas, que a Conmebol pretende construir, ou no velho Defensores del Chaco, que será reformado caso seja indicado.
O relatório de especialistas da Fifa também aprovou o projeto da Copa de 2030 e as oficialização será feita no Congresso extraordinário de 11 de dezembro.