O atacante Richarlison, autor do gol mais bonito da Copa do Catar até agora, precisou de 15 minutos para ser aprovado na “peneira” do América, em 2014. Em entrevista à Itatiaia, Célio Costa, primeiro treinador dele no Coelho, revelou detalhes da chegada do menino de Nova Venécia -- cidade no Espírito Santo -- ao Alviverde, como a falta no primeiro teste e os sete gols marcados em 45 minutos na primeira partida pelo time sub-17.
“Ele não compareceu (ao teste) e entrei no processo. Liguei para um amigo de Nova Venécia para ter informações sobre ele. E foram as melhores possíveis, de um centroavante goleador. Na semana seguinte ele se apresentou e, em 15 minutos de treino, eu já havia aprovado o Richarlison, por ter detectado que era um jogador muito diferente e muito acima da média. Ele nem parecia sub-17, parecia um jogador do último ano do sub-20", lembra Célio Costa, que atualmente é observador técnico do América.
Richarlison no América
Richarlison chegou ao Coelho em setembro de 2014, após chamar a atenção no Real Noroeste, de Água Branca. No entanto, mesmo aprovado no teste, Célio Costa conta que ele demorou 40 dias para ser inscrito pelo clube, em razão de impasse sobre os percentuais dos direitos do jogador.
Sem poder atuar em jogos oficiais, Célio diz que Richarlison fez uma pré-temporada e estreou em uma competição não oficial. “Colocamos ele nos jogos da Copa União, campeonato paralelo da época, e ele disparou a fazer gol. Teve um jogo em Itatiaiuçu que ele fez sete gols no primeiro tempo. Fui tirar ele no intervalo, mas ele não queria sair. É um jogador muito dedicado e muito obstinado a vencer. Percebi isso desde o início. Uma força mental acima da média e muito trabalhador. Sempre complementava treino”, conta Célio, que foi meia-atacante e defendeu Villa Nova, América e clubes do Espírito Santo.
Richarlison só foi inscrito para o segundo jogo da semifinal do Campeonato Mineiro sub-17, contra o Usipa. O Coelho perdeu o primeiro jogo por 1 a 0, mas venceu o duelo de volta por 5 a 2, com um hat-trick de Richarlison, que também sofreu um pênalti. O América chegou à final contra o Atlético e conquistou o título com direto a gol de placa do atacante na final.
Humildade
O sucesso de Richarlison não surpreende Célio. “Desde o primeiro contato com ele detectei que era um jogador muito diferenciado. Muita força física, muita velocidade, atacante de sustentar confronto. Enxerguei que seria um jogador de alto nível. Comentei com a minha comissão técnica que ele chegaria à Seleção Brasileira”, disse.
Célio diz que a humildade é marca registrada do jogador e cita atitudes dele. “Ele ajudava os roupeiros, ajudava a encontrar as bolas que caiam fora do CT, carregava água, carregava saco de roupa. Ele fazia tudo isso com a maior naturalidade e não reclamava de nada. Falo sempre que esse rapaz é muito abençoado por Deus”.
Sucesso
O talento acima da média levou Richarlison ao time principal do América, que na época era comandado pelo técnico Givanildo Oliveira. Foram 24 jogos e nove gols marcados em 2015, desempenho que chamou a atenção do Fluminense. O atacante marcou 19 gols em 68 partidas pelo tricolor carioca e despertou o interesse da Europa. Foi vendido para o Watford, depois seguiu para o Everton e atualmente defende o Tottenham, todos da Inglaterra.
