BBB 23: Cezar chora ao lembrar discurso de Nicácio: ‘ser enfermeiro não é demérito’

Cezar sentiu que o médico inferiorizou os enfermeiros

Cezar ficou bastante chateado com o médico

Cezar chorou bastante no BBB 23 na tarde desta quarta-feira (18) ao relembrar algumas falas de Fred Nicácio. Na ocasião, o médico alfinetou uma enfermeira após ela ter sido racista com ele na época em que ele era fisioterapeuta. O pipoca é enfermeiro e se sentiu inferiorizado pelas falas dele.

“Pra chegar onde eu cheguei tem que ser muito f***. Eu sou enfermeiro, já começa por isso. Ontem na conversa o Fred falando sobre a trajetória dele, sobre as lutas dele, ele falou: ‘Ah, porque o enfermeiro tem que vir aqui me auxiliar porque eu sou médico’. Isso é uma coisa que a gente como enfermeiro sofre todos os dias da nossa carreira”, começou.

“A gente sempre fica no estigma da sociedade de que o enfermeiro é auxiliar do médico, o secretário do médico, mas não é isso. Ninguém faz nada sem a gente. Ser enfermeiro não é demérito pra ninguém. Não é porque o cara é médico que ele é mais p*** que os outros, pelo contrário. O médico não trabalha sem a gente, mas a gente trabalha sem o médico”, acrescentou o baiano.

Para Cezar, uma pessoa não precisa mostrar que é incrível diminuindo outra. “No momento que você fala: ‘Eu sou f***’, você não pode virar pra outra pessoa e falar: ‘Eu sou melhor que você’. Eu sou f*da porque eu sou f*da, mas você também é f*da dentro do seu universo. Quando ele falou sobre isso me incomodou bastante, eu tentei buscar assunto com outros meninos. Essas coisas vão mexendo comigo, me travando, porque não é um ambiente que eu gosto de estar. Eu tenho muito orgulho de mim, de quem eu sou, da minha trajetória”.

“As pessoas têm muito estigma de que o enfermeiro é o secretário. Quando o Fred [Nicácio] falou, tentando ser algo positivo pra ele: ‘Ah, porque um enfermeiro me criticou porque eu era fisioterapeuta, mas depois eu virei médico e ela tinha que me auxiliar’. Cara, pra gente é super ofensivo isso. Para nossa classe é algo que a gente briga todos os dias”, completou.

Cezar defende ainda o papel da enfermagem dentro dos processos. “Gente, você nasce hoje, o médico tirou você da barriga da sua mãe, ele entrega pra gente. A gente quem cuida, quem limpa, quem pesa, e quem entrega você de novo para sua mãe. A enfermagem vai estar do dia que você nasce, internado na UTI sofrendo, se você morrer quem prepara seu corpo é a enfermagem. Nós somos a primeira passagem quando você vem ao mundo, e a última. Nossa classe é foda! Trabalha mais que todas as outras classes. Nossa classe não tem reconhecimento. A gente briga todos os dias para chegar lá!”, destacou.

Entenda

Em conversa na piscina nessa terça (17), Fred Nicácio contou que sofreu racismo à época em que era fisioterapeuta por parte de uma enfermeira. “Um dia, eu fui ao fisioterapeuta, vi um médico entubando e disse ‘eu queria fazer isso aí'. Uma enfermeira branca olhou pra mim e disse ‘sai pra lá menino, isso aqui é só pra médico’”, começou.

“Sete anos depois, eu voltei lá e ela foi minha enfermeira. É, tô aqui, doutor Fred Nicácio. E aí? Pra você, eu vou entubar e você vai me ajudar. A gente trata racista assim, expondo, porque quem criou o constrangimento que lide com ele!”, contou.

A história incomodou Cezar, que é enfermeiro, e sentiu que a classe profissional foi inferiorizada pelo médico com o discurso que ele usou.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.

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