Cezar chorou bastante no
“Pra chegar onde eu cheguei tem que ser muito f***. Eu sou enfermeiro, já começa por isso. Ontem na conversa o Fred falando sobre a trajetória dele, sobre as lutas dele, ele falou: ‘Ah, porque o enfermeiro tem que vir aqui me auxiliar porque eu sou médico’. Isso é uma coisa que a gente como enfermeiro sofre todos os dias da nossa carreira”, começou.
“A gente sempre fica no estigma da sociedade de que o enfermeiro é auxiliar do médico, o secretário do médico, mas não é isso. Ninguém faz nada sem a gente. Ser enfermeiro não é demérito pra ninguém. Não é porque o cara é médico que ele é mais p*** que os outros, pelo contrário. O médico não trabalha sem a gente, mas a gente trabalha sem o médico”, acrescentou o baiano.
Para Cezar, uma pessoa não precisa mostrar que é incrível diminuindo outra. “No momento que você fala: ‘Eu sou f***’, você não pode virar pra outra pessoa e falar: ‘Eu sou melhor que você’. Eu sou f*da porque eu sou f*da, mas você também é f*da dentro do seu universo. Quando ele falou sobre isso me incomodou bastante, eu tentei buscar assunto com outros meninos. Essas coisas vão mexendo comigo, me travando, porque não é um ambiente que eu gosto de estar. Eu tenho muito orgulho de mim, de quem eu sou, da minha trajetória”.
“As pessoas têm muito estigma de que o enfermeiro é o secretário. Quando o Fred [Nicácio] falou, tentando ser algo positivo pra ele: ‘Ah, porque um enfermeiro me criticou porque eu era fisioterapeuta, mas depois eu virei médico e ela tinha que me auxiliar’. Cara, pra gente é super ofensivo isso. Para nossa classe é algo que a gente briga todos os dias”, completou.
Cezar defende ainda o papel da enfermagem dentro dos processos. “Gente, você nasce hoje, o médico tirou você da barriga da sua mãe, ele entrega pra gente. A gente quem cuida, quem limpa, quem pesa, e quem entrega você de novo para sua mãe. A enfermagem vai estar do dia que você nasce, internado na UTI sofrendo, se você morrer quem prepara seu corpo é a enfermagem. Nós somos a primeira passagem quando você vem ao mundo, e a última. Nossa classe é foda! Trabalha mais que todas as outras classes. Nossa classe não tem reconhecimento. A gente briga todos os dias para chegar lá!”, destacou.
Entenda
Em conversa na piscina nessa terça (17),
“Sete anos depois, eu voltei lá e ela foi minha enfermeira. É, tô aqui, doutor Fred Nicácio. E aí? Pra você, eu vou entubar e você vai me ajudar. A gente trata racista assim, expondo, porque quem criou o constrangimento que lide com ele!”, contou.
A história incomodou Cezar, que é enfermeiro, e sentiu que a classe profissional foi inferiorizada pelo médico com o discurso que ele usou.