Aos 75 anos, eterna rainha do rock Rita Lee segue com aura de ‘jovem mística’

Cantora e compositora abandonou os cabelos vermelhos, assumiu os grisalhos e cuida de plantas no interior de São Paulo

Aniversariante do dia, Rita Lee veio ao mundo no mesmo dia do Réveillon para botar fogo no coreto da MPB

A mãe do rock brasileiro já é avó, mas continua com a juventude afiada. Rita Lee, aos 75 anos, abandonou o show bis para se dedicar a cuidar de plantas no interior de São Paulo e curtir a vida como ela sempre fez, tomando banho de sol como um bicho-preguiça, algo que ela já anunciava na década de 80, quando lançou “Baila Comigo”, mais um sucesso de seu repertório.

A carreira da ruiva mais debochada do Brasil começou quando ela conheceu os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, virtuoses instrumentistas e, com eles, criou Os Mutantes, grupo que juntou psicodelismo a música nordestina e abalou as estruturas do cenário cultural brasileiro, despertando o interesse até dos Tropicalistas. Com Gilberto Gil, eles apresentaram “Domingo no Parque” no Festival Internacional da Canção e desafiaram os arranjos ousados do maestro Rogério Duprat.

Depois de sucessos como “Panis et Circenses”, “Ando Meio Desligado”, “Bat Macumba” e “Não Vá Se Perder Por Aí”, Rita deixou o grupo de forma litigiosa e jamais voltou a se entender com os antigos companheiros. Mas o destino da “ovelha negra” da música brasileira já estava traçado e era uma trilha de sucessos.

Em 1974, agora acompanhada pela banda Tutti Frutti, Rita iniciou o novo capítulo da sua trajetória. Mas foi em 1975, com o disco “Fruto Proibido”, que as coisas começaram a mudar. Músicas como “Agora Só Falta Você”, “Luz Del Fuego”, “Ovelha Negra” e “Esse Tal de Roque Enrow”, parceria com Paulo Coelho, invadiram as rádios de todo o país e elevaram o nome de Rita ao posto de estrela-pop.

Outro momento decisivo de sua carreira foi o encontro com o guitarrista Roberto de Carvalho, com quem ela juntou os trapos em 1976. Ao lado do marido, Rita apresentou uma coleção de hits do porte de “Chega Mais”, “Mania de Você”, “Nem Luxo, Nem Lixo”, “Alô, Alô, Marciano”, “Lança Perfume”, e tantas outras.

Mais uma contribuição fundamental de Rita Lee diz respeito ao discurso libertário e feminista, em músicas cheias de sensualidade como “Doce Vampiro”, “Caso Sério”, “Banho de Espuma” e “Cor de Rosa-Choque”, que colocavam a mulher em primeiro plano. Ela também prestou reverência a ícones da liberdade nacional, como a jornalista Pagu e a vedete Elvira Pagã.

Já em 2003, Rita conheceu o sucesso junto a uma nova geração, quando musicou uma crônica de Arnaldo Jabor, “Amor e Sexo”, que recolocou o seu nome em destaque nas rádios. Uma das compositoras mais inspiradas e criativas da música brasileira, Rita Lee segue abrindo caminhos, com seus cabelos de fogo e sua aura de jovem mística, cheia de amor pra dar e receber.

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