A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, defendeu maior participação feminina na política e afirmou que a violência e os discursos de ódio têm afetado as candidaturas das mulheres. A magistrada participou nesta terça-feira (1º) do programa Mais Você, da TV Globo, e tomou café da manhã com a apresentadora Ana Maria Braga.
“Em todas as áreas, inclusive, para prefeitas, o número é muito pequeno. São prefeitas que são lideranças nas cidades, que são grandes professoras, grandes educadoras, grandes médicas. Hoje algumas já poderiam ter tentado a reeleição e me dizem que não vão tentar por causa do discurso de ódio contra elas”, disse.
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Cármen Lúcia também destacou que o tratamento com os políticos difere de acordo com o gênero. Segundo a ministra, as mulheres são mais prejudicadas.
"É diferente quando o discurso é contra o homem e contra a mulher. Contra o homem se fala, se xinga, se agride de uma forma. O nosso é sexista, misógino, desmoralizante, sempre no sentido de alguma coisa muito grave”, declarou.
A magistrada lembrou ainda que há poucas mulheres em cargos eletivos, principalmente nas Câmaras Municipais. Como exemplo, Cármen Lúcia citou Minas Gerais, em que quase um terço dos 853 municípios não têm uma mulher vereadora, de acordo com estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Há nos 853 municípios uma única mulher negra prefeita. É algo que precisa de ser posto para que as pessoas tenham atenção. A maioria da sociedade brasileira é de pretos e pardos. E as mulheres, que são 53%, não têm a representação proporcionalmente”, pontuou.