Eleita em 2004, reeleita em 2008, eleita novamente em 2020, a prefeita de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, Marília Campos (PT) pode encerrar um ciclo de 16 anos à frente do Executivo municipal — levando em conta o hiato de oito anos entre deixar o segundo mandato e começar o terceiro — caso saia vencedora do pleito de outubro deste ano.
Para isso, Marília Campos (PT) busca costurar uma chapa ampla com partidos que já fazem parte de sua base no município para bater três nomes que se colocam como pré-candidatos: os deputados federais Cabo Junio Amaral (PL) e Felipe Saliba (PRD). Um outro nome ainda pode aparecer na disputa, a da ex-secretária de Cultura, Monique Pacheco, embora seu partido, o Avante, não confirme que ela estará na corrida.
Marília ainda não se coloca, oficialmente, como pré-candidata à prefeitura, e diz não querer contaminar a sede do Executivo municipal com o clima de campanha eleitoral. No entanto, comemora ter o apoio de 17 dos 21 vereadores da cidade e destaca realizações de sua gestão, dando ênfase nas obras de reforma de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e na mobilidade urbana.
“A população sente que tem prefeita que cuida da cidade porque tem obras em todas as áreas”, afirma.
Ao mesmo tempo, diz não abandonar o diálogo como ferramenta de governo.
“Eu sou uma candidata que aposta na construção de consensos. O conflito existe em todas as ordens e eu não me alimento dele. Eu, simplesmente, negocio, pactuo para que a cidade fique melhor. Então, sou muito a linha da social da democracia de centro-esquerda, defendo um estado de bem-estar social, com políticas públicas para a redução radical da desigualdade social para que a gente tenha uma cidade e um país com mais justiça social”, resume.
Repeteco da disputa de 2020
Caso seja confirmada nas urnas em outubro deste ano, Marília terá como um de seus adversários o hoje deputado federal Felipe Saliba, derrotado por ela no último pleito. Em 2020, as eleições para a Prefeitura de Contagem foram decididas em segundo turno, quando a candidata à frente da coligação “Contagem Feliz de Novo” obteve 51,35% dos votos, enquanto o cabeça da coligação “Reconstruir Contagem”, ficou com 48,65%. Ao final da apuração, a diferença entre os dois foi de menos de 8 mil votos.
Após ter sido derrotado nas eleições municipais de 2020, Saliba foi candidato a deputado federal dois anos depois, tendo sido o sexto mais votado em Contagem, com 9.217 votos, e ficou como suplente. O advogado tomou posse no cargo e ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados entre o final do ano passado e abril deste ano, já que o titular da vaga, Fred Costa, se licenciou para organizar o partido de ambos, o PRD, em Minas Gerais.
A legenda, vale lembrar, foi oficializada no ano passado. A agremiação é fruto de uma fusão entre PTB e Patriota. Segundo ele, o nome do candidato a vice-prefeito não está definido - e tampouco o partido responsável por fazer a indicação.
Para chegar à vitória quatro anos depois, o advogado Felipe Saliba tenta costurar uma coalizão de partidos do centro à direita. Na mira estão, por exemplo, legendas como Republicanos, PSDB, PP e Podemos.
Saliba disputou a eleição municipal de 2020 pelo Democratas, que se juntou com o PSL para formar o União Brasil. Ele, que se define como um político mais alinhado à direita, diz não abrir mão de sua ideologia, mas aponta a necessidade de debater temas da cidade.
“Temos caminhado e conversado muito com as pessoas. As pessoas querem que a cidade funcione. Há um canteiro de obras inacabadas pela cidade, trazendo um transtorno absurdo. Estamos em uma caminhada para fazer Contagem funcionar — e que a gente tenha uma cidade que volte a se desenvolver”, aponta.
Deputado bolsonarista quer juntar PL e Novo em coligação
Ainda no campo da direita, outro pré-candidato que se coloca na disputa é o também deputado federal Cabo Junio Amaral (PL). Um dos expoentes do bolsonarismo em Minas Gerais, foi eleito pela primeira vez em 2018 e reeleito quatro anos depois. Em Contagem, foi o 20º candidato à Câmara dos Deputados mais votado no município, com 2.842 votos.
Amaral diz contar com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras figuras de seu partido, como o deputado federal Nikolas Ferreira e o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Bruno Engler, ambos do mesmo partido. Além disso, diz contar com aval do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e do governador Romeu Zema (Novo) — que já declarou que não subirá em palanque eleitoral durante a disputa no primeiro turno.
De acordo com Cabo Junio Amaral, neste momento, sua pré-candidatura já conta com apoio do partido Novo, legenda com a qual o PL deve fechar uma chapa de vereadores. Hoje, nem PL, nem Novo possuem representantes na Câmara de Contagem dentre as 21 cadeiras disponíveis.
“Temos uma questão de política fisiológica que, muitas vezes, o grupo que ocupa a máquina partilha as benesses, os cargos, e prende alguns agentes políticos que poderiam estar do nosso lado. Quem quer conversar conosco sabe que aqui a conversa é diferente. Se quiser, venha, mas com convicção de fazer uma cidade diferente”, afirmou.
Por fim, a ex-secretária municipal de Cultura, durante a gestão de Marília, a escritora Monique Pacheco pode se lançar como pré-candidata, mas ainda precisa do aval de seu partido, o Avante. Ela diz enxergar uma “polarização” entre petistas e bolsonaristas - se colocando como uma terceira via. “O Avante tem uma chapa muito forte e competitiva para vereadores - e me abriu a oportunidade de disputar a eleição como pré-candidata a prefeita, com uma pauta verdadeiramente de esquerda em Contagem”, aponta.
Segundo o presidente do diretório estadual da legenda, o ex-prefeito contagense Alex de Freitas, há um pedido de uma ala para que a sigla tenha candidatura própria, o que só será decidido mais para frente.