Reprogramação celular ajuda a reverter câncer metastático no pâncreas
Idosa de 71 anos teve quadro da doença revertido com o tratamento experimental
Kathy Wilkes, uma idosa americana de 71 anos, foi submetida a um tratamento experimental para tratar um câncer metastático no pâncreas. Os cientistas fizeram a reprogramação celular dos glóbulos brancos (células T) e conseguiram reverter o quadro da paciente. O estudo foi liderado por Eric Tran e Rom Leidner, do Earle A. Chiles Research Institute, nos EUA.
A equipe decidiu transformar as células T da própria paciente em medicamento. Para isso, elas são editadas geneticamente e reprogramadas. Essas células compõem o sistema imunológico e defendem o organismo contra invasores. Como não são específicas contra tumores, precisam ser ensinadas a reconhecer e atacar lesões tumorais.
A equipe médica ainda acompanha Kathy. Outra paciente, submetida ao mesmo protocolo, não resistiu à evolução do tumor no pâncreas. O tratamento foi descrito na revista científica The New England Journal of Medicine (NEJM). O processo ainda não está pronto para ser aplicado em larga escala, mas, no futuro, pode salvar muitas vidas.
Como as células T são treinadas?
O sistema imunológico encara as células cancerosas como algo anormal. Os tumores têm fragmentos de proteínas cancerígenas mutantes na superfície e elas podem ser usadas como biomarcadores. Assim, os cientistas ensinam o organismo a reconhecer células anormais a partir dessa característica.
O alvo é a KRAS, uma proteína comum em cerca de 25% dos tipos de tumor. Ela está presente em aproximadamente 95% dos tumores de pâncreas e, por isso, foi escolhida para os testes. Os especialistas esperam que, em breve, ela possa ser usada em experimentos contra câncer de cólon e de pulmão.
Depois de definir o alvo, a equipe coleta as células T do paciente e as modifica geneticamente em laboratório. Assim, elas passam a reconhecer a KRAS e, depois, a atacá-la. As células reprogramadas, então, são aplicadas no paciente.
Leidner explica que as células T atacarão somente as células cancerígenas — as saudáveis serão afetadas. Isso diminui significativamente a possibilidade de efeitos adversos. A próxima etapa é fazer mais testes para aperfeiçoar o potencial tratamento.
Fontes: NYT, New England Journal of Medicine
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