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Em carta aberta, setor da Construção Civil defende flexibilizar o Bolsa Família para gerar empregos

Proposta é de que, ao conseguir emprego formal, o trabalhador não perca auxílio imediatamente

Representantes do setor da Construção Civil divulgaram uma carta aberta na qual propõem a flexibilização do programa Bolsa Família. Pela proposta, o trabalhador que aceitasse uma vaga de trabalho não perderia imediatamente o benefício social. Seria criada uma transição, na qual o trabalhador teria o benefício diminuído à medida em que a renda vinda do trabalho formal crescesse. Hoje, o trabalhador que entra no mercado de trabalho formal perde 100% do auxílio Bolsa Família.

A carta foi publicada no site Metro Quadrado, parte do Brazil Journal, e assinada por Rubens Menin, chairman da MRV&Co, Ricardo Valadares Gontijo, chairman da Direcional Engenharia, Claudio Andrade, chairman da Tenda e Roberto Reis, publicitário e consultor político. Nela, os signatários reafirmam a importância do programa social para garantir a renda mínima e uma vida digna aos beneficiários, além de gerar impulso para a economia.

Com a proposta da regra de transição, busca-se resolver a crise de mão de obra enfrentada por setores como a construção civil. Há casos de trabalhadores que não aceitam empregos formais para não perder o Bolsa Família. Com o novo modelo, o Brasil poderia ter um salto econômico, com impacto direto na geração de empregos, no aumento da arrecadação e na estabilidade inflacionária.

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Leia a íntegra da carta aberta:

Trabalho + Bolsa Família: o binômio que pode mudar o Brasil

O Bolsa Família é um dos pilares do Estado de bem estar social brasileiro, impactando a vida de milhões de famílias e contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária. Os mais de R$ 14 bilhões gastos anualmente beneficiam 20,7 milhões de lares em todo o País – uma rede de proteção social essencial num Brasil profundamente desigual.

O Bolsa Família garante não só o acesso a necessidades básicas – alimentação, saúde e educação – como também impulsiona a economia local e nacional.

Ao assegurar uma renda mínima, o programa permite que os beneficiados tenham vidas dignas enquanto se preparam para maior autonomia.

Dito isto, o programa tem um lado sombrio: a dependência involuntária.

Apesar de sua relevância, o Bolsa Família gerou um efeito colateral perigoso: um aprisionamento social, uma submissão indesejada, dependência e estagnação econômica de milhões de brasileiros.

A estrutura atual do programa incentiva a permanência na assistência ao criar um dilema cruel para seus beneficiários: ingressar em um emprego formal e perder 100% do auxílio, ou manter-se em um ciclo de dependência para garantir uma segurança financeira mínima. Esse modelo desestimula o crescimento econômico, empurra trabalhadores para a informalidade e contribui para a escassez de mão de obra em setores essenciais.

O nó que precisamos desatar é: como fazer trabalho e Bolsa Família andar juntos?

A flexibilização do Bolsa Família é uma discussão para já. Permitir que os beneficiários possam trabalhar sem perder imediatamente o direito ao auxílio é uma mudança que pode transformar o mercado de trabalho e a economia do País. Setores como a construção civil enfrentam uma crise de mão de obra porque muitos potenciais trabalhadores não querem perder o benefício ao aceitar um emprego formal.

Ao criar um modelo de transição no qual o benefício seja reduzido gradativamente conforme a renda cresce, o Brasil pode experimentar um salto econômico, com impacto direto na geração de empregos, no aumento da arrecadação e na estabilidade inflacionária.

Se os beneficiários puderem trabalhar sem perder imediatamente o auxílio, mais dinheiro circulará, aquecendo a economia.

A construção civil e a indústria poderão preencher vagas essenciais e voltar a operar com força total, reduzindo atrasos em obras e contribuindo para o crescimento do PIB.

Com mais trabalhadores ativos, a produção cresce, equilibrando oferta e demanda e estabilizando preços.

Diversos estudos indicam que políticas de inserção laboral contribuem com o crescimento do PIB.

Claro, não basta simplesmente aprovar a medida e esperar que tudo se resolva. É fundamental executá-la com transparência e responsabilidade, em vez de tratá-la como uma jogada eleitoreira.

A transição deveria ser gradual. O benefício deve ser reduzido de forma progressiva à medida que o trabalhador ganhe estabilidade no mercado formal.

A flexibilização do Bolsa Família é um aprimoramento essencial para que ele cumpra sua missão de maneira mais eficaz. Não podemos mais ignorar a realidade: milhares de beneficiários já estão buscando renda extra na informalidade.

O Brasil precisa de uma solução que equilibre segurança social e mobilidade econômica. A pergunta não é se devemos mudar, mas como e quando o faremos.

Rubens Menin é chairman da MRV&Co.
Ricardo Valadares Gontijo é chairman da Direcional Engenharia.
Claudio Andrade é chairman da Tenda.
Roberto Reis é publicitário e consultor político.


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