As cinco substituições, seus benefícios e seus beneficiados
Clubes mais ricos levam vantagem com regra adotada pela IFAB
As cinco substituições para cada equipe durante o jogo foram validadas de maneira definitiva pela International Board (IFAB), o organismo que determina as regras do futebol.
A recomendação (até então) foi adotada durante a pandemia da covid-19, quando os calendários foram estrangulados com muitas partidas por disputar após os primeiros meses de confinamento.
A alteração na regra é, sem dúvidas, benéfica para todos os envolvidos, desde clubes, passando por dirigentes, jogadores e treinadores, mas existe uma parte que sai ganhando mais que os outros: os clubes mais “endinheirados”.
Com as cinco alterações os treinadores conseguem mudar cenários dos jogos com mais facilidade, mantendo um nível de intensidade alto em campo por mais tempo. Os jogadores, sobretudo os considerados reservas, estão entrando em campo mais vezes, participando mais e sendo mais importantes durante uma temporada. Já os titulares podem se doar mais fisicamente durante um jogo, sem se poupar, sabendo que há um número suficiente de mudanças caso o cansaço apareça.
Mas os verdadeiros beneficiados com a manutenção das cinco substituicões são os clubes mais “ricos”, com maior potencial financeiro para ter os melhores jogadores. Clubes com alto potencial de investimento não pensam mais apenas em 11, mas em 15, 16, 17 atletas com nível técnico para serem titulares.
Enquanto os clubes médios e pequenos, ou até mesmo os grandes, mas mal administrados ou endividados seguem se esforçando para montarem times competitivos, mas com limitação de elenco, clubes como Palmeiras, Flamengo e Atlético, que formam o trio mais vencedor do país e com maior investimento nas últimas cinco temporadas, continuam absorvendo os principais jogadores, não só para o “time titular”, mas principalmente para um elenco qualificado, suficiente para suportar o calendário mais bizarro do futebol mundial, com quase 80 jogos em uma única temporada para aqueles que chegam às decisões das principais competições nacionais e continentais.
Manter o nível físico está ao alcance de todas as equipes, bastando utilizar as cinco alterações por jogo durante os 90 minutos e nas principais competições. Mas seguir também com o mesmo nível técnico, independentemente dos titulares ou reservas é pra poucos e num futuro bem próximo, as conquistas também poderão ficar nas mãos destes poucos.
As cinco substituições foram uma excelente solução encontrada para o futebol passar pela pandemia sem sentir tanto o calendário apertado, mas certamente os dirigentes viram na mudança, uma oportunidade de manter o nível físico e de intensidade das competições, sem precisarem de mexer no exagerado número de jogos. Se você não consegue (ou não quer) mudar/melhorar/aliviar o calendário no futebol, adapte-se a ele…
Edu Panzi é jornalista e comentarista esportivo na Rádio Itatiaia.
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