Ouvindo...

Consignado: socorro ou golpe?

Crédito consignado do governo traz armadilhas para o cidadão

Mais e mais tenho reservado tempo longe da confusão. Para ler, ouvir, ver, resumindo: pensar. Este é um verbo cada vez menos usado na nossa rotina de rede social em que, como robôs, recebemos, olhamos rapidamente e compartilhamos, sem qualquer preocupação com as consequências, desde que seja algo divertido ou combine com nossas posições políticas. Dentro de nossa bolha.

E entre meus pensamentos da semana o consignado para trabalhadores da CLT está entre os temas recorrentes. Mesmo sabendo do tamanho de nossa pobreza é um espanto a quantidade de gente que busca informações, faz simulações e contrai o empréstimo.

O empréstimo!

Vamos raciocinar. O dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é do trabalhador. Depositado pelo empregador. Para que, na perda do emprego, o cidadão possa comprar remédios, comida e pagar ônibus para buscar outra colocação. Nunca perguntaram aos donos se concordavam, mas, desde sempre, é a Caixa Econômica Federal – um “banco” do governo - que guarda o dinheiro. E ela corrigiu o saldo do FGTS no ano passado em 7 por cento.

Se você, trabalhador, for cliente da Caixa, deixar depósito lá, quitar seus débitos direitinho, fizer tudo certo, for pontual em tudo e tiver um cheque especial, e precisar usá-lo, vai pagar, num mês, 7 por cento de juros. Ou seja, ela te cobra num mês a taxa que te paga em um ano.

Agora, que o país está todo endividado, vem o pai dos pobres, líder histórico do Partido dos Trabalhadores e chefe da Nação e dá a boa notícia. Você pode pegar um empréstimo... Aquele dinheiro, que é seu, que o banco remunera com 7 por cento ao ano, pode lhe ser emprestado, a 3 por cento ao mês, 36 por cento ao ano. Se pegar e perder o emprego, a dívida sua continua, a do banco seu FGTS cobre e seu futuro...

Como diz o advogado Marcelo Motta se o governo quer mesmo ajudar, socorrer, por que não apenas libera parte do FGTS para o dono?

Sem interveniência bancária. Calma, primeiro e abril é semana que vem. E lembre-se: o amor venceu!

Leia também

Antes de trabalhar no rádio, Eduardo Costa foi ascensorista e office-boy de hotel, contínuo, escriturário, caixa-executivo e procurador de banco. Formado em Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Valores Humanos pela Fundação Getúlio Vargas, possui o MBA Executivo na Ohio University, e é mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Agora ele também está na grande rede!
Leia mais